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O perfil das mortes Covid- Os dados de Itália

Em Itália, apenas 3,3% das mortes por Covid-19 estudadas não apresentam comorbilidades (outras patologias graves prévias). 65,3% dos óbitos tinham 3 ou mais comorbilidades, 18,6% tinham duas, e 12,8% dos óbitos tinham uma. A média é de 3,6 doenças prévias associadas. A conclusão é de um relatório que dá a conhecer o perfil de 45.557 doentes com SARs-CoV-2 em Itália até 18 de Novembro de 2020.

Doença cardíaca isquémica, fibrilação auricular, AVC, hipertensão arterial e diabetes tipo 2 são as doenças mais comuns observadas em doentes que morreram com SARS-CoV-2. O número médio de patologias observadas nas mulheres é de 3,7. Nos homens, o número médio de patologias observadas é de 3,4.

Comorbidades mais comuns observadas em doentes que morreram com SARS-CoV-2

O relatório sublinha, porém, que estes dados podem ter informação subestimada pelo facto de a informação sobre o tratamento medicamentoso, antes da admissão, nem sempre estar descrita no quadro clínico. Os dados analisados referentes às comorbilidades têm por base a revisão das fichas clínicas disponíveis de 5 421 doentes que morreram no hospital.

Em Portugal não existem ainda dados com este nível de especificidade. Numa conferência de imprensa, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, destacou que a mediana das mortes em Portugal é superior a 80 anos (85 nas mulheres e 80 nos homens) e que a maioria tem várias doenças.

“As doenças mais frequentes são as do aparelho cardiocirculatório, respiratórias, diabetes, doença renal crónica, neoplasias e doenças cerebrovasculares.”

Mortes Covid: média de idades

Voltando a Itália, a idade média dos doentes que morreram por infeção por SARS-CoV-2 é de 85 anos nas mulheres e de 80 anos nos homens. Até 18 de novembro de 2020, apenas 1,2% da amostra de doentes que morreram com Covid-19 tinham menos de 50 anos. Dos 45 557 falecidos “por Covid”, apenas 121 tinham menos de 40 anos. Destes, e de acordo com o relatório, 64 tinham patologias graves pré-existentes (cardiovasculares, renais, psiquiátricas, diabetes, obesidade) e 14 não tinham patologias importantes. Para os restantes não existia informação clínica disponível.

Alterações no perfil dos óbitos Covid desde março

No segundo e terceiro períodos considerados, a idade média das mortes aumentou ligeiramente, comparativamente aos primeiros três meses. A morte de pessoas com 3 ou mais patologias pré-existentes também aumenta, e as de pessoas com menos patologias ou nenhuma diminui.

Isto parece indicar que no segundo e terceiro períodos as mortes dizem maioritariamente respeito a pessoas mais idosas e com problemas de saúde pré-existentes. Isto, face ao primeiro trimestre.”

O uso de medicamentos é também extremamente diferente nos três períodos, com uma clara redução no uso de antivirais e aumento do uso de esteroides no segundo e terceiro períodos.

Idade média, prevalência de mulheres, número de doenças pré-existentes, complicações e tratamentos
em mortes com Covid nos 3 períodos Março-Maio, Junho-Agosto, e Setembro-Novembro 2020

A distribuição das principais doenças pré-existentes também não é igual nos três períodos em análise. A prevalência de fibrilação auricular, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral, demência, cancro e insuficiência renal é maior nos doentes que morreram no segundo e terceiro trimestres.

Patologias pré-existentes em mortes Covid nos 3 períodos

Diagnóstico de hospitalização

Em 90,7% das hospitalizações foram registadas condições ou sintomas associados à Covid-19 – pneumonia, insuficiência respiratória, febre, tosse, entre outros exemplos. Em 9,3% dos casos o diagnóstico de hospitalização não estava relacionado com a infeção. Em 69 casos, o diagnóstico de hospitalização dizia respeito exclusivamente patologias neoplásicas, em 158 casos a patologias cardiovasculares, em 63 casos a patologias gastrointestinais e em 180 casos a outras patologias.

Febre, dispneia e tosse foram os sintomas mais frequentemente observados na admissão hospitalar. No total, 8,0% dos pacientes não apresentaram quaisquer sintomas na admissão hospitalar.

A síndrome do desconforto respiratório agudo foi observada na maioria dos doentes (93,9% dos casos), seguida de insuficiência renal aguda (23,7%). Foi observada superinfeção em 19,2% e lesão cardíaca aguda em 11,0% dos casos.

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