1- Um teste positivo por PCR corresponde a uma infeção ativa pelo vírus
Na realidade um teste PCR positivo pode apenas confirmar a presença de parte do vírus, não consegue identificar se a infeção está ativa (com potencial contagioso). O material viral inativado pode-se manter muito tempo após a infeção e ser detetado pelo teste. Isto é especialmente verdade quando são necessários muitos ciclos de ampliação (CT) para sua deteção.
A OMS alertou recentemente para esse problema:
“O guia da OMS Testes de diagnóstico para o SARS-CoV-2 afirma que é necessária uma interpretação cuidadosa dos resultados positivos fracos.”
“Os ciclos (Ct) necessários para detetar o vírus são inversamente proporcionais à carga viral do paciente.”
Para além disso, há a possibilidade de falsos positivos. A sua percentagem aumenta em cenários de baixa prevalência do vírus.
Esse facto também foi novamente salientado pela OMS:
“A OMS lembra os utilizadores de IVD que a prevalência da doença altera o valor preditivo dos resultados do teste – conforme a prevalência da doença diminui, o risco de falso positivo aumenta.”
“Isso significa que a probabilidade de uma pessoa com resultado positivo (SARS-CoV-2 detetado) estar realmente infetada com O SARS-CoV-2 diminui à medida que a prevalência diminui, independentemente da especificidade alegada.”
Há igualmente a possibilidade de contaminações da amostra em diversas fases do processo.
A probabilidade do teste positivo corresponder a uma infeção ativa aumenta bastante quando ele é usado para confirmar o diagnóstico a quem apresenta sintomas compatíveis com a doença.
Saiba mais em:
- Impact of false-positives and false-negatives in the UK’s COVID-19 RT-PCR testing programme. Carl Mayers & Kate Baker, 3rd June 2020. GOV-UK
- Carl Heneghan (CEBM- Oxford)- False infectious positives – 7 days infection period/RNA detectable up to 78 days
- O que é um caso Covid – Os falsos positivos e os positivos não-infecciosos
- OMS diz que assintomáticos devem repetir o teste caso seja positivo. The Blind Spot
- Rita Jaafar, Sarah Aherfi, Nathalie Wurtz, Clio Grimaldier, Thuan Van Hoang, Philippe Colson, Didier Raoult, Bernard La Scola. Clinical Infectious Diseases, ciaa1491, https://doi.org/10.1093/cid/ciaa1491. 28 September 2020
2- Uma morte classificada “por Covid” é sempre uma morte provocada pelo vírus
A OMS decidiu tornar a doença de registo obrigatório e emitiu orientações para a atribuição da causa de morte à doença.
“…Uma morte por COVID-19 é definida para fins de vigilância como uma morte resultante de uma doença clinicamente compatível, num caso provável ou confirmado de COVID-19, salvo se existir uma causa alternativa clara de morte que não pode estar associada à doença COVID (por exemplo, traumatismo).”
Nessas orientações cabem, além de casos confirmados da doença, casos prováveis ou suspeitos da mesma (sem confirmação por teste laboratorial).
Mesmo essas orientações são seguidas de forma diversa e por vezes contraditórias. Sendo umas mais inclusivas e outras menos, mesmo dentro do mesmo país e variando no tempo.
Por exemplo, vários países, como o Inglaterra, classificam uma morte por Covid quando ela ocorre dentro de 28 dias após um teste positivo confirmado.
“O governo britânico e as administrações autónomas concordaram em publicar o número de mortes que ocorreu no prazo de 28 dias após um resultado positivo Covid confirmado diariamente pelo laboratório.”
GOV.UK- Comunicado de imprensa Reino Unido (12 August 2020)
3- Vírus não sequenciado
Outra ideia comum é a de que o vírus Sars-CoV-2 nunca foi isolado.
Provavelmente nunca houve outro vírus tão analisado como este. O seu genoma já foi sequenciado milhares de vezes. Muita dessa informação está armazenada no repositório de dados genómicos Gisaid.
4- Existem evidências de alta qualidade a comprovar um efeito substancial do uso máscaras na comunidade
A generalidade das revisões sistemáticas que incluem RCTs (estudos de qualidade máxima) apontam para reduzido ou nenhum efeito na contenção das doenças respiratórias. O único RCT realizado com máscara de pano (trabalhadores da área de saúde) sugeriu a possibilidade de aumentar a propagação.
O RCT publicado até ao momento que decorreu durante a pandemia não conseguiu encontrar diferenças estatisticamente relevantes entre os grupos de máscaras (cirúrgicas de alta qualidade) e de controlo. A atualização da revisão sistemática da Cochrane (influenza) também concluiu que usar máscara faz pouca ou nenhuma diferença.
Vários estudos de baixa ou média qualidade (fiabilidade) apresentam resultados (correlações) inconsistentes ou contraditórios.
Declaração OMS (Dezembro 2020):
“No momento, há apenas evidências científicas limitadas e inconsistentes para apoiar a eficácia do uso de máscaras por pessoas saudáveis na comunidade para prevenir a infeção por vírus respiratórios, incluindo SARS-CoV-2.“
“Há uma qualidade geral moderada de evidência de que as máscaras faciais não têm um efeito substancial na transmissão do vírus influenza.”
Saiba mais em:
5- A evidência aponta para que as escolas aumentem muito a transmissão
Há vários meses que evidência aponta para que a abertura das escolas tenha um impacto limitado na propagação da doença. Isto parece ser particularmente claro para jovens até aos 16 anos de idade.
OMS Coronavirus disease (COVID-19)- Schools (18 September 2020):
“ O papel das crianças na transmissão ainda não é totalmente compreendido. Até ao momento, poucos surtos envolvendo crianças ou escolas foram relatados. No entanto, o pequeno número de surtos relatados entre professores ou funcionários associados até o momento sugere que a disseminação de COVID-19 dentro de ambientes educacionais pode ser limitada.”
ECDC Covid-19. Technical report. ECDC. 23 Dec 2020:
“Onde a investigação epidemiológica ocorreu, a transmissão nas escolas foi responsável por uma minoria de todos os casos COVID-19 em cada país”.
Nota: Não estão considerados efeitos relativos a novas variantes do SARS-CoV-2 (ECDC)
Saiba mais em:
- Children, school and COVID-19. Instituto Nacional de Saúde Pública e do Ambiente. Holanda. 27 de Jan. de 2021
- Minimal transmission of SARS-CoV-2 from paediatric COVID-19 cases in primary schools, Norway, August to November 2020. Eurosurveillance. 7 jan., 2021
- COVID-19 in children and the role of school settings in transmission – first update. Technical report. ECDC. 23 Dec 2020
- COVID-19 and Schools: What We Can Learn from Six Months of Closures and Reopening. Insights for Education- Oct. 2020
- Covid-19 in schoolchildren. A comparison between Finland and Sweden- Agência de Saúde Pública Sueca, 2020
6- Vacinas por RNAm alteram o DNA
As vacinas por RNAm funcionam pela introdução de uma molécula de RNA mensageiro, que dá instruções para a produção de uma proteína semelhante a uma das proteínas que compõem o SARS-CoV-2 (proteína de superfície- “Spike”).
A partir desse momento as células imunológicas reconhecem essa proteína viral e geram uma resposta imunológica contra ela, nomeadamente gerando anticorpos. Deste modo, espera-se potenciar a proteção.
Segundo o CDC:
“Elas não afetam ou interagem com nosso DNA de forma alguma.”
“O RNAm nunca entra no núcleo da célula, que é onde nosso DNA (material genético) é guardado.”
“A célula quebra-se e livra-se do RNAm logo após terminar de seguir as instruções.”
Embora existam dúvidas legítimas sobre as vacinas RNAm, modificar o DNA não parece ser uma delas.
Edit: Um estudo publicado em fevereiro de 2022 veio levantar dúvidas sobre esta questão. Em laboratório foi possível verificar a transcrição intracelular inversa em células hepáticas humanas (vacina Pfizer BioNTech). Fica assim em aberto a possibilidade deste fenómeno acontecer no ser humano e das suas consequências.
O autor do estudo afirma:
“Estas descobertas foram observadas em placas de Petri em condições experimentais, mas ainda não sabemos se o ADN convertido está integrado no ADN das células no genoma – e, em caso afirmativo, se tem alguma consequência.”
Saiba mais em:
- Kristina Fiore. Want to Know More About mRNA Before Your COVID Jab?
- A primer on the history, scope, and safety of mRNA vaccines and therapeutics
- MedPage Today December, 2020
- Behind the Science: what is an mRNA Vaccine? Pfizer UK.
7- A atual pandemia é comparável com a gripe espanhola em termos de mortalidade
Existem inúmeras diferenças substanciais entre ambas as pandemias, por exemplo:
Contexto histórico: Na “gripe espanhola” a propagação foi feita, em grande parte, por milhares de soldados da 1ª guerra mundial, muitos feridos ou doentes.
O principal agente causador das mortes: Existe forte evidência que a grande maioria das mortes resultaram de infeções bacterianas e não do vírus em si. Embora sejam comuns infeções secundárias, esta foi a última pandemia em que não existiam antibióticos.
Perfil das vítimas: A gripe espanhola atingiu bastante os jovens e os saudáveis, particularmente os menores de cinco anos e pessoas entre os vinte e os quarenta anos.
As vítimas da Covid tendem a ser bastante idosos e com doenças prévias associadas. Por exemplo, um estudo oficial feito em Itália, um dos países mais atingidos, estimou que a mediana de idade das vítimas foi de 82 anos e que tinham uma média de 3,6 doenças prévias associadas. Apenas 3,3% não apresentavam patologias associadas.
Impacto na mortalidade
Pandemia | Ano | Número de mortes estimado | Mortalidade pop. Mundial (aprox.) |
---|---|---|---|
Gripe “espanhola” | 1918-19 | 20-50 milhões | 2-3% |
“Gripe asiática” | 1957-1958 | 1-4 milhões | 0,034- 0,138% |
“Gripe de Hong Kong” | 1968 | 1-4 milhões | 0,028%-0,113 |
“Gripe A” | 2009 | ± 362 500 | 0,005% |
Covid-19 | 2020- | 2 227 420 * ** | 0,029% * |
Fontes: OMS ; Worldometers.
Saiba mais em:
- David M.. Morens, Jeffery K. Taubenberger, Anthony S. Fauci. Predominant Role of Bacterial Pneumonia as a Cause of Death in Pandemic Influenza: Implications for Pandemic Influenza Preparedness. The Journal of Infectious Diseases. Oxford University Press
- Jeffery K. Taubenberger&David M. Morens. 1918 Influenza: the Mother of All Pandemics
- Pandemic Influenza Risk Management WHO Interim Guidance- WHO
- Worldometers. Information. World-population by-year
Nota: Este artigo foi editado no seu ponto seis devido a novos dados científicos, que podem, eventualmente, contrariar a presunção inicial.