Um estudo de realizado por Eran Bendavid e John Ioannidis conclui que os confinamentos não produzem benefícios adicionais claros. A análise, que estudou a imposição das Intervenções Não Farmacêuticas (INF) em 10 países, indica que as INF mais restritivas que envolvem lockdowns e encerramento de empresas não se revelaram benéficas. Sublinha porém, que as INFs menos restritivas, que incluem entre outras coisas distanciamento social e proibição de grandes ajuntamentos, tiveram um efeito positivo claro nomeadamente na alteração do comportamento das pessoas.
De acordo com o estudo, a implementação de INFs foi associada à redução significativa do aumento de casos em 9 dos 10 países estudados, incluindo a Coreia do Sul e a Suécia que implementaram apenas medidas mais “leves”. Em Espanha o efeito não foi significativo. No entanto, “no âmbito desta análise, não há provas de que intervenções não-farmacêuticas mais restritivas (“lockdowns”) tenham contribuído substancialmente para a redução da curva de novos casos em Inglaterra, França, Alemanha, Irão, Itália, Países Baixos, Espanha, ou Estados Unidos no início de 2020. Comparando a eficácia das medidas mais restritivas com a das medidas menos restritivas nas taxas de crescimento de novos casos, as evidências não mostram que as medidas mais rígidas proporcionassem benefícios adicionais significativos.”
“Depois de compararmos os efeitos da pandemia com o das medidas não encontrámos um efeito benéfico claro e significativo das medidas restritivas no aumento dos casos em nenhum país.”
“Embora não se possam excluir pequenos benefícios, não encontramos benefícios significativos em caso de crescimento de IPN mais restritivos. Reduções semelhantes em caso de crescimento podem ser alcançadas com intervenções menos restritivas. Não questionamos o papel de todas as intervenções de saúde pública, ou de comunicações coordenadas sobre a epidemia, mas não conseguimos encontrar um benefício adicional no confinamento em casa e no encerramento das empresas.”
Os investigadores reconhecem que existem outros estudos que alegam que as medidas mais extremas têm benefícios visíveis, mas contestam esta abordagem e explicam, no European Journal of Clinical Observation, que estas análises ignoram a natureza dinâmica de uma curva epidémica, ou seja, a epidemia teria continuado a crescer ao mesmo ritmo que estava a crescer antes de as medidas serem impostas.
“Os dados não podem excluir totalmente a possibilidade de alguns benefícios. No entanto, mesmo que existam, estes benefícios podem não justificar os numerosos danos destas medidas agressivas. Intervenções de saúde pública mais direcionadas que reduzam mais eficazmente as transmissões podem ser importantes para o futuro controlo de epidemias, sem os danos de medidas altamente restritivas.”
Este estudo comparou o aumento de casos e a experiência de Inglaterra, França, Alemanha, Irão, Espanha, Itália, Holanda e EUA – países que impuseram medidas mais restritivas – com a de países que optaram por não adotar políticas limitativas, como a Suécia e a Coreia do Sul.