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Estudo: Corrupção está a minar sistemas de saúde e a promover recuo democrático em plena pandemia

A corrupção persistente e generalizada está a enfraquecer a resposta dos países à pandemia, a comprometer a recuperação global e a agravar o retrocesso democrático. Estas são as principais conclusões do Índice de Perceção de Corrupção 2020 (CPI) divulgado hoje pela Transparency International que coloca Portugal com 61/100 pontos numa tabela liderada pela Dinamarca e pela Nova Zelândia, com 88 pontos. O nosso país foi referenciado como um de quatro países da Europa Ocidental que registou um valor mínimo recorde desde 2012.

O relatório alerta que “a corrupção persistente está a minar os sistemas de saúde e a contribuir para o recuo democrático no meio da pandemia da Covid-19”.

“A Covid-19 não é apenas uma crise de saúde e económica. É uma crise de corrupção. E uma que não estamos atualmente a conseguir gerir”, disse Delia Ferreira Rubio, Presidente da Transparency International.

De acordo com este indicador, há uma década que a posição de quase metade dos países permanece inalterada no índice, “o índice indica uma estagnação dos esforços governamentais para combater as causas profundas da corrupção. Mais de dois terços têm uma pontuação inferior a 50”.

Os Estados Unidos conseguem a sua pior pontuação desde 2012, com 67 pontos.

“Para além de alegados conflitos de interesses e abusos de mandato, em 2020, a fraca supervisão do pacote de ajuda Covid-19 de 1 trilião de dólares suscitou sérias preocupações e marcou um recuo em relação às normas democráticas que promovem um governo responsável”, diz o estudo.

Corrupção e Covid

O CPI sublinha que a corrupção representa uma ameaça crítica para a vida e a subsistência dos cidadãos, especialmente quando combinada com uma emergência de saúde pública. “A corrupção é muito frequente na aquisição de material médico”, por exemplo, e países com níveis de corrupção mais elevados  tendem também a ser os piores violadores do Estado de direito e instituições democráticas durante a crise da COVID-19.

“Os países com bom desempenho no índice investem mais em cuidados de saúde, são mais capazes de proporcionar uma cobertura de saúde universal e são menos suscetíveis de violar as normas e instituições democráticas ou o Estado de direito.”

O Uruguai foi dado como um dos melhores exemplos. “Tem a pontuação mais alta da América Latina no ICP (71), investe fortemente nos cuidados de saúde e dispõe de um robusto sistema de vigilância epidemiológica, o que o ajudou a responder à COVID-19 e a outras infeções e doenças, como a febre-amarela e a Zika.”

Do outro lado estão países como o Bangladesh (26 pontos), que investe pouco nos cuidados de saúde e assiste ao aumento da corrupção durante a Covid-19, desde o suborno em clínicas de saúde até ao desvio de fundos de ajuda.

Corrupção na Europa

Mais de dois terços dos países pontuam abaixo de 50, numa escala de 100.

Portugal surge nesta tabele com 61 pontos, mas é referenciado como um dos quatro países a registarem um novo mínimo histórico desde 2012, data da primeira edição deste estudo.

“As nossas pesquisas mostram que a corrupção é mais difundida nos países menos equipado para lidar com a pandemia e outras crises globais.”

Dinamarca (88), Finlândia (85), Suécia (85) e Suíça (85) são os países com melhor classificação da Europa Ocidental. Croácia (47), Hungria (44), Roménia (44) e Bulgária (44) estão no fundo da tabela. 

O estudo

A edição de 2020 do IPC classifica 180 países e territórios de acordo com o nível percebido de corrupção no sector público e utiliza uma escala de zero (altamente corrupto) a 100 (totalmente correto/transparente).

O relatório do CPI 2020 destaca o impacto da corrupção nas respostas governamentais à COVID-19, comparando o desempenho dos países no índice com o seu investimento em cuidados de saúde e em que medida as normas e instituições democráticas foram enfraquecidas durante a pandemia.

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