Os surtos e as epidemias acompanham-nos provavelmente desde os primórdios, certamente antes da espécie humana estar estabelecida.
A primeira pandemia registada data de 430 AC e ficou conhecida como a Praga de Atenas. Existe a suspeita de se poder ter tratado de febre tifoide (bactéria).
Desde essa data ocorreram inúmeras pandemias e milhares de epidemias causadas por doenças infeciosas.
Centrámo-nos apenas nos dois últimos séculos e nas pandemias declaradas envolvendo vírus respiratórios.
Gripe Espanhola- 1918
A grande referência de pandemias gripais do século XX é a Gripe Espanhola.
A Gripe Espanhola teve um contexto histórico muito particular. A propagação deveu-se, em grande parte à deslocação de milhares de soldados da 1ª Guerra Mundial, muitos feridos ou doentes.
Existe igualmente forte evidência que a grande maioria das mortes resultaram de infeções bacterianas e não do vírus em si. Embora sejam comuns infeções secundárias, esta foi a última pandemia em que não existiam antibióticos.
Atingiu bastante os jovens e os saudáveis, particularmente os menores de cinco anos e pessoas entre os vinte e os quarenta anos.
O impacto na mortalidade global foi muito significativo.
Gripe Asiática- 1957
Após a Gripe Espanhola as epidemias gripais parecem ter tido um padrão regional, até 1957 quando ocorreu nova pandemia, a da Gripe Asiática.
Ao contrário de 1918, a maioria dos doentes tinha outras condições associadas, como doenças crónicas do coração ou pulmões. Apesar de ser comum a morte de pessoas saudáveis. As grávidas estavam entre os grupos de risco.
Foi igualmente a primeira vez em que a vacinação contra a influenza foi testada com o objetivo de ajudar a imunizar a população.
O H2N2 desapareceu apenas 11 anos após ter chegado, foi suplantada pelo subtipo H3N2 (Gripe de Hong Kong).
Gripe de Hong-kong- 1968
Tal como em 1957, uma nova pandemia surgia do Sudoeste Asiático. As diferenças nos danos provocados e a parte de antigénio comum com o vírus da anterior pandemia (N2) levou os investigadores a suspeitarem de diferenças de imunidade prévia.
Essas suspeitas foram reforçadas quando sujeitos vacinados contra o vírus anterior- H2N2- pareceram ter menor infeção com o H3N2.
Este vírus, do tipo Influenza A, é atualmente o influenza mais perigoso em circulação.
Gripe A- 2009
Em 2009, a OMS declarou nova pandemia, a da Gripe A, popularmente conhecida por Gripe Suína. Apesar do alarme inicial acabou por se revelar uma crise bem menos grave que o projetado.
A doença atingiu principalmente jovens. Apesar da maioria dos doentes apresentar doenças prévias, mais de um quarto das vítimas eram saudáveis.
O impacto na mortalidade acabou por ser relativamente baixo e a letalidade estimada inferior à da gripe sazonal, apenas 0,02%.
Comparação das pandemias anteriores com a Covid-19
Pandemia | Ano | Número de mortes estimado | Mortalidade pop. Mundial (aprox.) |
---|---|---|---|
Gripe “espanhola” | 1918-19 | 20-50 milhões | 2-3% |
“Gripe asiática” | 1957-1958 | 1-4 milhões | 0,034- 0,138% |
“Gripe de Hong Kong” | 1968 | 1-4 milhões | 0,028%-0,113 |
“Gripe A” | 2009 | ± 362 500 | 0,005% |
Covid-19 | 2020-2021 | 2 641 611 * ** | 0,034% * |
Fontes: OMS ; Worldometers.
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