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Síntese de evidência: O que é um “caso Covid”

Síntese de evidência: O que é um “caso Covid”

A que corresponde um caso Covid?

A OMS atualizou a sua definição de caso Covid (16 de Dezembro). Estes continuam a incluir casos suspeitos, prováveis e confirmados.

Para a definição de um caso Covid, um teste positivo tem, em muitos casos, um papel determinante.

Testes PCR

Grande parte dos casos reportados decorrem de testes PCR positivos.

Na realidade um teste PCR positivo pode apenas confirmar a presença de parte do vírus, não consegue identificar se a infeção está ativa (com potencial contagioso). O material viral inativado pode manter-se muito tempo após a infeção e ser detetado pelo teste. Isto é especialmente verdade quando são necessários muitos ciclos de ampliação (CT) para a sua deteção.

A OMS chamou recentemente a atenção para diversos aspetos relativos aos procedimentos dos laboratórios e à interpretação dos resultados.

A sua capacidade de identificar um caso ativo depende de muitos dos procedimentos específicos seguidos por cada laboratório, como o número de ciclos de ampliação máximo para se considerar um caso positivo, ou a recolha (ou não), de nova amostra em caso de positivo assintomático.

A probabilidade de um teste positivo corresponder a uma infeção ativa aumenta bastante quando ele é usado para confirmar o diagnóstico (a quem apresenta sintomas compatíveis com a doença) ou são necessários poucos ciclos de amplificação.

Para além disso, há a possibilidade de falsos positivos. A sua percentagem aumenta em cenários de baixa prevalência do vírus.

Há igualmente a possibilidade de contaminações da amostra em diversas fases do processo e por vários motivos.

Testes rápidos (antigénio)

Outra forma de atribuir um “caso Covid” é através de um teste antigénio positivo. Estes também produzem falsos positivos. Tal como os PCR, a sua percentagem relativa ao total de positivos depende sempre da prevalência da doença (Teorema de Bayes).

No entanto, estes testes já detetam a infeção ativa e não a simples presença viral, infeciosa ou não.

Produzem, por norma, mais falsos negativos.

A divulgação do número de “Novos casos de Covid” inclui, na generalidade dos países, tanto testes PCR como de antigéno. Ambos podem apresentar taxas de positividade muito diferentes. Isso deve-se às diferenças entre os próprios testes e aos protocolos executados.

Pode depender igualmente de outros fatores, como a quem são mais aplicados. Por exemplo, se são mais usados para testes “em massa” ou em pessoas com sintomas compatíveis com a doença.

Casos sem teste positivo

Além dos casos com teste positivo, podem também ser considerados casos sem que exista qualquer teste. Nem sempre esses dados são disponibilizados pelos países ou regiões.

Por exemplo, a cidade de Nova York disponibiliza o total de casos Covid-19 que são a soma de dois tipos de casos: confirmados (teste PCR positivo) e prováveis (teste antigénio positivo ou sintomas com exposição confirmada, ou morte provável).

Nota final

Os casos Covid divulgados são frequentemente apresentados como infeções ativas ou como “novas infeções” confirmadas, mas tal não é rigoroso. É necessária alguma cautela na sua interpretação.

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