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Falta de transparência, alarmismo, gastos excessivos, interesses instalados. Os erros apontados à gestão da pandemia de 2009

A Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (PACE) deu nota negativa à maior parte das intervenções europeias feitas durante a pandemia H1N1 em 2009, e alertou para erros graves.

De acordo com o documento da PACE, que data de 2010, a forma como a Organização Mundial de Saúde (OMS), as agências de saúde europeias e governos nacionais geriram esta pandemia conduziu a um “desperdício de grandes somas de dinheiro público, e à imposição de um clima de medo injustificado sobre os riscos de saúde que os europeus enfrentariam“. O texto revela que existem “provas esmagadoras que a gravidade da pandemia foi sobrevalorizada pela OMS“, o que resultou na distorção das prioridades de saúde pública.

Os parlamentares identificaram ainda “graves deficiências” na transparência das tomadas de decisão sobre o surto, que acabaram por gerar preocupações sobre a influência da indústria farmacêutica nas decisões tomadas. “A perda de confiança nestes conselhos poderá revelar-se “desastrosa” numa eventual pandemia grave no futuro”, afirmaram.

A Assembleia deixou uma série de recomendações urgentes que sublinham a importância de uma maior transparência e governação na saúde pública, e salvaguardas contra aquilo a que chamou de “influências indevidas por interesses instalados“.

Disse que “lamenta seriamente” que a OMS e as instituições de saúde europeias “não se tenham mostrado dispostas a partilhar algumas informações essenciais, nomeadamente a publicar os nomes e declarações de interesse dos membros do Comité de Emergência da OMS e dos órgãos consultivos europeus relevantes diretamente envolvidos nas recomendações das medidas de combate à pandemia”.

Além disso, “a Assembleia lamenta que a OMS não tenha atuado rapidamente para rever ou reavaliar a sua posição sobre a pandemia e os verdadeiros riscos de saúde envolvidos.

O documento fala ainda na relevância de um fundo público para apoiar uma investigação independente, ensaios e aconselhamento especializado, possivelmente financiado por uma contribuição obrigatória da indústria farmacêutica, e apelou aos meios de comunicação social para evitarem o “sensacionalismo e alarmismo no domínio da saúde pública“.

A pandemia de gripe A de 2009, inicialmente designada como gripe suína, durou cerca de 20 meses – de janeiro de 2009 a agosto de 2010. Chegou ao nível seis de ameaça da escala da OMS, o máximo, e terá matado 18,449 pessoas, o número oficial de mortes confirmadas em laboratório e reportadas pela OMS. O CDC fala em 284 mil mortes.

De recordar, que o Imperial College, muito influente na atual pandemia, previu na altura (2009) uma taxa de letalidade da gripe A entre os 0.3 e os 1.5%, com o cenário mais provável de 0,4%. Esse indicador acabou estimado nos cerca de 0,02% (20 vezes inferior).

No Reino Unido, a estimativa governamental baseada no modelo do Imperial foi de cerca de 65 000 mortes no “pior-caso cenário razoável”. Acabaram por falecer 457 pessoas.

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