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Despesa em Saúde quebra a tendência de forte crescimento em ano de pandemia

Em 2020, ano de pandemia, o valor absoluto da despesa corrente em saúde cresceu apenas 0,4%, sendo que nos últimos quatro anos (2016-2019) a taxa nominal de crescimento foi de 5% .

As despesas na saúde inverteram a tendência de forte crescimento no respeitante à taxa de variação nominal. Enquanto a média do crescimento das despesas correntes em saúde nos últimos quatro anos (2016, 2017, 2018 e 2019) foi de 5%, variando entre os 4,1% e os 5,9%, no ano da pandemia a despesa em saúde aumentou apenas 0,4%. Ou seja, houve uma estagnação no investimento na saúde no ano da pandemia Covid-19.

Quando falamos da despesa geral em percentagem do PIB, em Portugal, houve um aumento de 6,6% da despesa corrente pública, “que mais que compensou a variação negativa da despesa corrente privada (-10,3%), determinando um crescimento de 0,4% da despesa corrente em saúde total, atingindo 10,1% do PIB, o nível mais elevado desde 2009.”

Os resultados para 2020 foram elaborados com base na informação disponível até meados de abril de 2021

Mas quanto se gasta na saúde? Quem financia? Onde se gasta e quais os países que gastam mais na União Europeia?

Infografia INE

Despesa geral corrente em percentagem do PIB 

De acordo com a análise, para 2020 estima-se que a despesa corrente em saúde tenha crescido 0,4%, totalizando 20.482 milhões de euros (10,1% do PIB e 1.989,1 euros per capita), o valor mais elevado da série de resultados da Conta Satélite da Saúde (CSS). Em 2019, a despesa corrente em saúde aumentou 5,6%, atingindo 20.392,5 milhões de euros, correspondendo a 9,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e a 1 982,5 euros per capita.

Em 2019 e 2020, a despesa corrente em saúde continuou a crescer, em termos nominais, a um ritmo superior ao do PIB (+1,3 p.p., em 2019 e + 5,8 p.p., em 2020). É de notar que o aumento da despesa corrente em saúde em percentagem do PIB em 0,6 p.p. (*1) para 10,1% em 2020 é sobretudo determinado pelo decréscimo pronunciado do PIB nominal (*2) (-5,4%), no contexto adverso da pandemia Covid-19. Desde 2010 que não se registava um peso relativo da despesa corrente em saúde superior a 10% do PIB.

Comparações internacionais

No último ano com informação disponível para a generalidade dos países, em 2018, Portugal continuou a ocupar a nona posição no ranking dos Estados-Membros (EM) da União Europeia (UE) com o maior peso relativo da despesa corrente no PIB (9,4%). 

A liderança do ranking foi ocupada pela Alemanha (11,5%), França (11,3%) e Suécia (10,9%), que registaram mais do dobro do peso observado na Roménia (5,6%) e no Luxemburgo (5,3%).

Segundo a atual análise da série CSS, relacionando o peso da despesa corrente no PIB com o PIB per capita expresso em Paridades de Poder de cada EM, é possível concluir que a maioria dos EM com PIB per capita mais elevado também apresentaram uma proporção da despesa corrente em saúde no PIB superior. Comparativamente a países com PIB per capita semelhante, como a Estónia, Lituânia e Eslovénia, Portugal apresenta um peso relativo da despesa corrente em saúde no PIB mais elevado. Esta situação pode ser explicável, entre outros aspetos, pelo envelhecimento populacional. Com efeito, Portugal encontra-se entre os EM que apresentam, em simultâneo, um peso relativo da despesa corrente em saúde e um índice de envelhecimento demográfico superiores aos da média da UE, contrariamente ao que sucede nesses países.

  • (*1) P.P (per capita ou por pessoa)
  • (*2) PIB nominal valor do PIB calculado a preços correntes, ou seja, no ano em que o produto foi produzido e comercializado; PIB real é calculado a preços constantes, em que é escolhido um ano-base para o cálculo do PIB, eliminando assim o efeito da inflação
  • Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE),análise da série de resultados da Conta Satélite da Saúde, para o período de 2000-2020

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