O ministro federal alemão da Saúde, Karl Lauterbach, pretende incentivar a vacinação trimestral contra a Covid-19. A proposta visa criar um regime de exceção para uso de máscaras no próximo outono e inverno para quem se vacinou há menos de três meses. O controlo é feito através de uma app com cores que indica o risco de infeção por Covid-19, conforme já está amplamente implementado na China.
Karl Lauterbach, juntamente com o ministro federal da Justiça, Marco Buschmann, pretende efetuar várias alterações à Lei de Proteção Contra Infeções.
O documento, que tem regulado a vida dos alemães em tempo de pandemia, poderá obrigar a que, a partir do outono, todos aqueles que receberam três ou quatro doses da vacina contra a Covid-19 sejam considerados não vacinados. O ministro da Saúde alemão pretende que o certificado seja válido apenas por três meses e que apenas os que têm um certificado válido estejam isentos do uso de máscara em restaurantes e recintos culturais e desportivos. A exceção abrange igualmente quem apresente teste negativo ou mostre certificado de recuperação.
Os ministros da Saúde de vários estados alemães têm feito críticas às alterações da lei, conforme noticiou o canal televisivo alemão ZDF, alertando que é “uma forma inapropriada de incentivar a vacinação a cada três meses”. O ministro da Saúde da Bavária, Klaus Holetschek, pediu a Lauterbach para remover as “questionáveis exceções” à obrigatoriedade de uso de máscaras para os que foram recentemente vacinados. O responsável bavário lembra que a vacinação trimestral contradiz as atuais recomendações do Comité de Vacinação alemão (Stiko) e que as exceções não poderão ser controladas em restaurantes e eventos desportivos.
O ministro federal da Saúde assegura que “uma pessoa vacinada recentemente tem um risco baixo de infeção mesmo que não use máscara”. Mas para Carsten Watzl, imunologista da Universidade de Dortmund e ouvido pela ZDF, “se dizemos que a vacinação é válida apenas por três meses, então isso indica às pessoas que apenas as protege durante três meses e isso não é verdade”.
Watlz afirma que “certamente protege durante mais tempo, principalmente contra doença grave. E isso é que importa”. Nas declarações à ZDF, o imunologista diz que “para os jovens e para os que são saudáveis, uma quarta vacina não faz qualquer sentido no momento” e que quem tomou a terceira dose “está ainda muito bem protegido, mesmo que tenha sido há mais de meio ano”.
Karl Lauterbach é a favor da quarta dose para todos os grupos etários, enquanto a Stiko recomenda-a apenas para pessoas com mais de 70 anos de idade e para grupos de risco.
O Presidente da Associação Nacional dos Médicos de Seguros de Saúde Estatutários, Andreas Gassen, disse ao Rheinische Post que a recomendação da vacinação “deve depender dos estudos científicos, não de pensamentos e desejos políticos ou pessoais ou de disponibilidade de vacinas”.
O porta-voz do grupo parlamentar do FDP para a saúde, Andrew Ullmann, disse ao Redaktionsnetzwerk Deutschland que “deve ser permitido ao Stiko agir independentemente dos políticos”. Também o parlamentar de esquerda Kathrin Vogler, fez as suas críticas: “não pode ser função do ministro da Saúde – por muito que seja o seu conhecimento – contrariar as recomendações dos especialistas do comité científico”.
A Corona-Warn-App (CWA) – em português, app de aviso de corona – é uma app utilizada na Alemanha que “ajuda a rastrear cadeias de infeção por SARS-CoV-2 baseada em tecnologias com uma abordagem descentralizada e que notifica os utilizadores se eles foram expostos ao vírus”. É utilizada para o controlo dos certificados de vacinação e tem um esquema de cores que indica o nível de risco do utilizador.
Na China, um sistema com diferentes cores já existe desde 2020. No país asiático, a app designada “Código de Saúde” tem desempenhado um papel decisivo. A app cria perfis de movimento e mostra o estado de saúde. Dependendo da cor, os utilizadores têm, então, direitos diferentes. Um código verde permite liberdade de movimentos enquanto laranja ou vermelho significam até duas semanas de quarentena, conforme descrito na reportagem do canal de televisão público austríaco ORF.