Um estudo que expressa preocupação pela falta de acesso a cuidados presenciais, prevê que isso contribua para 10 mil mortes adicionais por cancro. As 300 mil faltas a análises de emergências desde o confinamento inicial, podem ter causado 40.000 diagnósticos tardios, de acordo com uma análise do University College London.
10.000 indivíduos morreram de cancro “muito cedo” como resultado dos atrasos e tempos de espera de tratamento mais longos, de acordo com os investigadores.
Cerca de duas em cada três pessoas mostraram-se relutantes em consultar o seu médico sobre “pequenos problemas de saúde”, de acordo com este estudo, que pesquisou mais de 2.000 adultos.
Foi manifestada preocupação quanto ao facto de muitos sintomas que deveriam ter sido testados nunca terem sido investigados devido ao apelo do governo para “Ficar em Casa, Proteger o NHS, Salvar Vidas”.
Segundo estatísticas oficiais, apenas nos primeiros 12 meses da pandemia, existiram menos 304.555 encaminhamentos urgentes para o hospital devido a suspeitas de cancro.
Consultas presenciais e à distância
Antes da pandemia, segundo noticiou o The Telegraph, cerca de 80% das consultas dos médicos de clínica geral eram presenciais – mas, em Julho, apenas 57% das consultas o foram, apesar das promessas dos funcionários de saúde de que todos os pacientes deveriam receber uma “oferta clara de consultas presenciais”.
As pessoas mais idosas, que utilizam mais frequentemente os serviços de saúde, foram consideradas menos entusiastas em relação às consultas à distância.
No total, 56% das pessoas com 65 anos ou mais manifestaram-se contra o aumento do número de consultas telefónicas e informáticas, enquanto 24% eram a favor delas. Na faixa etária dos 18 aos 24 anos, 46% eram a favor de mais consultas deste tipo, enquanto que 28% eram contra elas.
Pandemia atrasa diagnóstico precoce
O Professor David Taylor, co-autor do relatório e reitor da Escola de Farmácia da UCL, declarou: “O impacto inicial da pandemia foi o de adiar a detecção precoce. O desempenho da Grã-Bretanha não foi o melhor, mesmo antes do surto.”, começou por dizer.
“Há algumas provas que sugerem que o adiamento do tratamento por um mês pode aumentar em 7% o risco de morrer jovem. Alguns são devidos a pacientes que não aparecem porque não querem incomodar o seu médico de clínica geral e outros são devido a problemas de acesso.”
O Prof. Taylor afirmou também que embora o acesso aos médicos de clínica geral através do telefone e da Internet fosse útil para muitas questões simples como a repetição de prescrições, a exigência de uma avaliação clínica presencial era maior em situações que eram mais complexas e tinham sintomas que podiam indicar cancro.