Apesar do recorde de mortalidade em 2021, Portugal continua sem saber quais foram as causas da morte e a DGS ainda não tem data prevista para a divulgação desses dados. A mortalidade em 2022 tem sido igualmente elevada, com um excesso de 9.300 mortes até Outubro, mas também se desconhecem as causas.
Ao que o The Blind Spot apurou, não existe, ainda, uma data para a divulgação das causas de morte relativas ao ano de 2021. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), essa divulgação “está ainda a ser planeada, em função da articulação com a Direção-Geral da Saúde, no tocante ao calendário de codificação”.
O INE justifica também a demora do processo.
“O apuramento do número óbitos por causas de morte é obtido pelo INE com base nas codificações das causas de morte efetuadas pela Direção-geral da Saúde, que assegura este procedimento moroso tendo em conta as diretrizes da Organização Mundial da Saúde e com base nos dados dos Certificados de Óbito.”
As causas de morte de 2020 apenas foram reveladas em maio de 2022, um ano e cinco meses após o fim desse ano. Ao contrário de Portugal e Espanha, outros países, como o Reino Unido, divulgam as causas de morte em semanas.
Os dados oficiais do Reino Unido mostram a “contagem provisória do número de mortes registados em Inglaterra e País de Gales, incluindo as mortes relacionadas com o coronavírus (COVID-19), nas últimas semanas em que a data está disponível”.
Excesso de mortalidade em Portugal
De recordar que Portugal teve em 2021 o ano com mais mortes de sempre e que 2022 continua a registar valores aproximados. Em 2021 registaram-se 14.024 mortes em excesso, em relação aos anos pré-pandemia (2015-2019) e em 2022, até outubro, esse excesso é já de 9.300.
Importância do estudo do excesso de mortalidade
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), “o excesso de mortalidade é considerada a medida mais objetiva e comparável, que tem em conta os impactos diretos e indiretos da pandemia”.
De facto, permite medir o impacto que a pandemia, e a sua gestão, teve na saúde global e não apenas na doença que lhe deu origem. O próprio Ministério da Saúde anunciou um estudo aprofundado sobre o excesso de mortalidade em Agosto deste ano. Até hoje não existiu qualquer nota pública sobre a forma como está a decorrer, ou a ser preparado, esse estudo.