Causa uma certa perplexidade que um assunto tão sensível como o futuro da nossa saúde pública e bem estar global, esteja a ser discutido em diversos Fóruns internacionais no momento em que escrevo estas linhas, sem que o conteúdo (a)bordado numa tessitura fina e (o)culta, seja do conhecimento da generalidade das pessoas, e onde é amplamente reconhecido, até pelos próprios autores e artífices em documentos oficiais, o claro constrangimento que um instrumento internacional desta natureza, causa aos países soberanos e no limite à sua própria autonomia.
Isto assume contornos mais gritantes se se tiver em conta o que alguns dos técnicos referem no início (leia-se nas primeiras páginas) da “empreitada” que não representam qualquer grupo ou instituição exceto eles mesmos, sendo as suas opiniões ali plasmadas, devidamente fundamentadas numa posição arrogantemente elevada a “científica”, mas que ainda assim, está ferida por ilegitimidade democrática, dado que é preciso lembrar e para usar uma expressão bem portuguesa, ninguém lhes encomendou o sermão, por mais erudito ou virtuoso que este se afigure.
Se ao leitor menos avisado a esta realidade e tentativa de usurpação de funções de estado, bem acima do que compete por parte, de pessoas que nunca viu ou sequer ouviu falar, não lhe tira o sono, pense novamente, uma vez que a terem lugar e a materializar-se essas amplas (re)visões disruptivas dos instrumentos e das deliberações internacionais sobre saúde, em marcha ao longo deste ano, ocorrerá uma transferência deliberada da autonomia das decisões para um novo contexto mais centralizado e distante, em que o escrutínio das opções tomadas, e do grau de implementação é diminuto ou até mesmo inexistente, ficando o cidadão comum manietado e subjugado a essa vontade.
Um mundo onde as maiores alarvidades passarão a imperar de modo arbitrário, e onde cada um de nós entendido como aglomerado populacional de cada país, ou indivíduo isolado, terão não só a missão, como a incumbência de “tratar da sua saúde”, e dos que os rodeiam, onde se inclui naturalmente aceitar as imposições da OMS e de órgãos locais nacionais, em linha com as suas directrizes, após a data da hipotética mudança.
Estas alterações substanciais têm diversos gradientes e matizes, que se escudam sempre na necessidade em colmatar ou dirimir os efeitos de uma suposta ameaça, simultaneamente previsível, a julgar pelos inúmeros documentos acerca do tema, mas que nos irá sobressaltar quando menos esperarmos numa espécie de gato de Schrodinger onde tudo e o seu contrário são espantosamente possíveis.
O dito documento na sua vertente para já embrionária que tem recebido contributos periódicos e ordinários, exige-nos profunda cautela uma vez que nesta “altura do campeonato” já se propõe fazer mais de 300 emendas ao texto original do IHR, que, e é preciso que se refira, aquele “instrumento” que permitiu entre outras pérolas, e escudado no princípio da precaução em face de um patógeno desconhecido, declarar pandemias ad hoc sem que estas tivessem suficiente gravidade para assim serem denominadas, mudando para isso classificações e critérios, para ir ao encontro do pretendido, com todas as consequências e constrangimentos de que daí advieram, e que nos faz lembrar que mais nociva que a própria doença, foi o alarido histérico que se criou em volta da situação na última declaração de SARS Cov 2. Situação essa que à data de hoje e com o respetivo distanciamento histórico foi francamente hiperbolizada, diria até mesmo escusada, já que falamos de um vírus cuja taxa de mortalidade, se situa numa cifra completamente irrisória e residual.
Ora perante uma evidência cientificamente contestada por muitos, ao longo destes largos meses, apresentam-se agora as razões mais estapafúrdias, macambúzias e rocambolescas, como surtos locais com potencial de se globalizarem numa pandemia, espantosamente próxima em termos de tempo à anterior, para se exercer todo o tipo de repressão e penalizações que redundam não só em sociedades profundamente injustas, como brutalmente tiranas e cruéis, e onde todas as portas que George Steiner nos alertava para que não fossem abertas, ficam assim escancaradas com tudo o que é mais hediondo à vista de todos e a crueza e crueldade de muitos, totalmente exposta.
Este é um documento ferido de ilegitimidade, desenhado por entidades e pessoas não eleitas pelos respetivos cidadãos, que terão que se conformar às suas decisões e deliberações déspotas, quando chegar a hora e o momento do toque de recolher (obrigatório), com vista à segurança dos povos, quando estes forem obrigados a retomar processos baseados em falácias e argumentos em que o mais elementar raciocínio lógico poderá facilmente fazer cair por terra face às proposições apresentadas por estes pretensos organismos e autoridades.
Este é o mundo que desde há uns meses e com base na experiência que teve lugar, deve deixar de ser excepção para passar a uma robustecida regra, tudo claro, suportado pela intenção de cuidar de todos nós.
Tal como um pai generoso, também os autores desta aberração e ataque aos mais profundos alicerces democráticos, nos prometeram tratar da saúde, eliminando liminarmente a nossa privacidade, e o nosso bem estar, comprometendo a vida das crianças e da sua aprendizagem, fechando escolas, proibindo pessoas de enterrar o seus entes mais queridos, afastar administrativamente filhos e pais, fazendo tábula-rasa do poder de decisão desses sobre os primeiros, utilizar tratamentos e terapêuticas inadequados ou desproporcionais, como colocar pessoas em ventiladores, isolar pessoas contra a sua vontade e submetê-las às maiores atrocidades, injetá-las com elementos químicos feitos em tempo recorde e sobre os quais, pouco ou nada se sabia à época e que se têm revelado completamente adversos (e em não raros casos até mesmo mortais), determinar quem pode ou não usufruir de recintos públicos como restaurantes, cinemas ou aeroportos, coagindo e chantageando as pessoas a tomarem decisões contra a sua vontade, com base em condiçôes impostas pouco claras ou conclusivas, ou ainda prendê-los por vários dias e semanas, obrigando-os a isolarem-se das suas famílias e amigos como aconteceu em alguns países em dias seguidos, em casa ou até em campos de detenção criados para o efeito. E como se isso não fosse suficiente, monitorizar de forma constante todos os passos das pessoas e quem contacta com quem. Enfim, a lista é extensa.
Tudo isto claro alicerçado no mais profundo e superior interesse comum e maior, ideia base e nuclear e que arregimenta um conjunto de pessoas para este tipo de “soluções” em alguns casos que se revelam dramaticamente finais.
Estejamos pois atentos, e olhemos com precaução para tudo isto, se não quisermos que tudo o que aqui narrei deixe de ser facultativo, e ao critério das várias jurisdições nacionais, para passar a ser terminantemente vinculativo e obrigatório, sem que pouco ou nada possamos fazer depois de assinar com a nossa omissão, cobardia, desdém, apatia, menosprezo e passividade, esta realidade.
Amanhã será bem tarde, por isso há que reclamar o nosso lugar à mesa destas negociações o quanto antes, façam-no já por favor, antes que seja tarde…pela vossa saúde!!
Bruno Monarca
Consultor e Gestor