De acordo com a sugestão da antiga comissária infantil do Reino Unido, Anne Longfield, Matt Hancock “ignorou” os alunos das escolas durante a Covid e forçou a ideia de fechar as escolas e manter as crianças em confinamento. Além disso, a implementação controversa do uso de máscaras por parte das crianças também foi uma medida que perdurou 16 meses, apesar de “não haver fortes razões” para tal segundo o diretor médico de Inglaterra e do governo, Chris Whitty.
Os “Lockdown Files” publicados pelo jornal Telegraph mostram que o antigo secretário da saúde falou com Sir Gavin Williamson, ex-secretário de estado da educação, e depois com o atual secretário da educação sobre se deveria manter as salas de aula abertas.
Hancock falhou a tentativa inicial de persuadir o primeiro-ministro a fechar as escolas antes do seu regresso, em janeiro de 2021. Isto porque, o primeiro-ministro Boris Johnson tomou o partido de Sir Gavin que tinha lutado “com unhas e dentes” para manter os alunos nas aulas. De seguida, Hancock revelou a sua insatisfação com a sua assistente, esperando que Boris Johnson não desse ouvidos a Sir Gavin e que as escolas fechassem.
Assim, a 4 de janeiro, após insistência de Hancock e depois de muitas crianças mais novas terem regressado às aulas por um único dia, Johnson anunciou que as escolas iriam fechar e os exames seriam cancelados, privando nove milhões de crianças de mais dois meses de educação com impactos reconhecidos no seu bem-estar.
Sir Gavin confessou que considerou perturbador o facto das escolas terem fechado pela segunda vez em janeiro de 2021 e que sentiu que não tinha sido feito pelas razões certas.
Os Lockdown Files também mostram que as máscaras faciais foram introduzidas de forma controversa nas escolas, já depois de Boris Johnson ter sido informado de que “não valia a pena discutir” com a mais radical Nicola Sturgeon, primeira-ministra escocesa, sobre o assunto. A decisão aconteceu, apesar de o Director Médico da Inglaterra ter dito que não havia “razões muito fortes” para o fazer.
De recordar que Sturgeon implementou medidas muito restritivas, entre elas a obrigatoriedade de máscaras nas escolas. O uso de máscaras no Reino Unido durou 16 meses, até janeiro de 2022.
A situação das crianças do Reino Unido
Anne Longfield, que foi comissária das crianças durante a covid, disse que “não havia uma compreensão do impacto que a permanência em casa teria” sobre as crianças.
Questionada sobre as conclusões do The Telegraph na BBC Radio 4 Today, disse:
“É um olhar extraordinário nos bastidores sobre como as decisões eram tomadas ou vistas a ser tomadas. O que é mostrado é o que muitos de nós pensavam que estava a acontecer na altura – que as crianças estavam, na melhor das hipóteses, a ser esquecidas frequentemente na tomada de decisões mas, na pior das hipóteses, potencialmente ignoradas.”
“Havia sempre outra decisão a tomar, outra prioridade. Aquele momento em que as escolas permaneciam fechadas em junho, mas os pubs, lojas, parques temáticos e até jardins zoológicos abriam – mas as crianças ficavam em casa.”
O ‘desrespeito insensível’ de Hancock
Arabella Skinner de UsForThem, um grupo de pais que lutou repetidamente contra o encerramento de escolas, disse:
“O desrespeito insensível que Matt Hancock e a sua equipa demonstram pelas necessidades das crianças e pela sua educação confirma os piores receios daqueles de nós que se pronunciaram contra estas restrições injustificadas e desproporcionadas.”
“Precisamos de responsabilização, e para garantir que isto nunca mais volte a acontecer as crianças precisam que as suas vozes sejam ouvidas e o governo precisa de funcionar corretamente.”
Algumas crianças perderam mais de 100 dias de escolaridade só por causa do encerramento de escolas.
Karol Sikora, um oncologista de 50 anos e ex-director do programa da Organização Mundial de Saúde sobre o cancro, tweetou:
Jamie Jenkins, um antigo trabalhador do Gabinete de Estatística Nacional, acrescentou: