Piers Morgan, tal como muitas outras personalidades, vem agora reconhecer alguns erros do passado recente, como ter insultado e defendido restrições aos direitos e liberdades de pessoas com perspetivas diferentes das suas. Mas se reconhecer erros cometidos é de louvar, a justificação dada pode não ser a melhor.
É que a justificação de muitos, como a do apresentador britânico, é a de que: “A ciência mudou“.
Ora a ciência não mudou. Em primeiro lugar, porque a ciência é, acima de tudo, um método que impõe procedimentos rigorosos na busca de conhecimento.
Pelo contrário, tudo o que ele assumiu como “ciência” não foi baseado em estudos científicos rigorosos, mas sim em (alguns) estudos de baixo nível de evidência, portanto, muito longe de assegurarem qualquer tipo de fiabilidade, e muito menos de certezas científicas.
Aliás, uma das premissas centrais da ciência é a necessidade de questionar e colocar em causa as hipóteses levantadas, mesmo as suportadas por níveis de evidência muito superiores.
Ora o que Piers Morgan (como quase todos os opinion-makers) fez foi exatamente o contrário. Bombardeado por uma constante propaganda política e mediática, assumiu teorias pouco sólidas como verdades absolutas e inquestionáveis. Ao ponto de insultar e defender medidas protofascistas, como a recusa de assistência médica para todos os que optassem por não se vacinar.
Mas mais, o que o apresentador chama “seguir a ciência” é seguir algumas figuras de autoridade, na grande maioria sem qualquer qualificação ou com incontornáveis conflitos de interesses (financeiros ou políticos).
Por isso, o reconhecimento de erros não é fácil e é de aplaudir, mas a justificação de que a “ciência mudou” não colhe.
De facto, a única coisa que mudou foi que, em algumas áreas a evidência é tão óbvia que é impossível aos auto-nomeados donos da ciência manter a mesma narrativa.
Quando um produto farmacológico é promovido como sendo capaz de “parar a transmissão de uma doença” e a própria pessoa, e muitos que a rodeiam, a apanham após a sua toma, é impossível manter essa farsa. E quando os casos disparam após uma campanha de vacinação em massa, é impossível manter essa farsa.
Digo farsa porque há muito que dados contrariavam essa proclamação, primeiro o de países como Israel ou Gibraltar, e depois de todos os países altamente vacinados, Assim como inúmeros estudos que foram entretanto publicados, já com dados reais.
Isto, para já não falar da implausibilidade, logo à partida, deste tipo de vacinas (intramusculares) poderem impedir a replicação e transmissão do vírus.
A chamada “ciência” que dava tantas garantias e certezas era afinal evidência fraca, incompleta ou fraudulenta. Em muitos casos, eram apenas hipóteses especulativas suportadas por pseudo-ciência e pseudo-peritos.
Mas foi assim para a vacina (transmissão, eficácia e segurança), como foi para as máscaras, os confinamentos, a imunidade prévia, a imunidade natural, a transmissão assintomática, entre outros temas.
Assumiu-se uma espécie de tábua rasa cientifica, em que tudo que se sabia, inclusive os resultados de revisões recentes de máxima qualidade, era posto em causa, deitado fora e substituído pela “Nova Ciência”. “Não se sabe nada sobre este vírus, é um vírus novo”- muitos diziam para justificar a revolução em curso.
Na realidade, o conhecimento científico de qualidade mudou muito pouco sobre todos esses e outros temas. Em quase tudo, o que se descobriu nesta pandemia, confirmou o que se sabia antes. Por vezes, foi já tarde de mais.