É inevitável falar de Israel nos dias que correm. Num mundo fortemente politizado, o cidadão comum discorre acerca do conflito do Médio-Oriente como se ocorresse no seu município. Um fenómeno à solta, desregulado e destravado, que abordaremos oportunamente e em pormenor.
Para já, cabe-me apresentar os meus créditos ao leitor. Visitei Israel meia dúzia de vezes. Tenho amigos a morar em diferentes partes do país e fora. Escusado será dizer que não tendem a estar de acordo acerca de nenhum assunto. Os judeus são famosos pela discórdia. Quase tanto como pela diáspora. Tenho amigos árabes. Visitei parte do moderado mundo muçulmano. Infelizmente, não foram muitos os países, dado que a maior parte radicalizou-se. Mais o governo que as populações. O Irão é o melhor exemplo da discrepância. Estive há coisa de dois meses na Turquia e nos Emirados. Por último, acompanho a tensão entre Israel e a Palestina – tensão que se estende muito além desses dois territórios – há uma boa dúzia de anos. Penso escrever acerca do conflito com propriedade. Certamente, com mais conhecimento de causa que os obtusos que desconhecem a diferença entre Gaza e Cisjordânia ou o Hamas e o Fatah, ou alguns comentadores aka analistas de sofá que se limitam a viajar para dar conferências em cátedras universitárias ou banhar-se na Sardenha nas férias de agosto.
Conforme referido acima, o conflito não se resume a Israel e Palestina. A ideia de que a criação de dois estados resolveria o problema é uma falácia, ou uma ingenuidade entre outras. A Palestina teve oportunidade de ser independente. Em Gaza decorreram eleições em 2006 após a completa saída dos queridos Sionistas, ganhando o Hamas, para mal dos pecados do povo e do pessoal do Fatah que foi corrido a tiro. Confirmo que Israel detém o controlo da água, eletricidade e afins da Faixa de Gaza, caso contrário a chance do 7 de outubro de 2023 se chamar 7 de outubro de 2008 ou 2011 era enorme. Espero que isso – o evitar uma anterior chacina – justifique a upper hand de Israel. Senão servir, podem suspender a leitura deste artigo, e voltar a abrir o Avante ou, se querem dar uma de sofisticados, o site da BBC.
O problema da Palestina é uma invenção do mundo islâmico contra os judeus e, de certa maneira, parte da agenda de hostilidade para com o Ocidente (e de que o Ocidente é igualmente criador.) Usada como uma pirraça para não abandonar as armas e seguir a matança, sobretudo alimentada pelos Ayatollahs, recentemente promovidos a presidentes da paz da ONU ou cargo parecido. Espero que isso também ateste a falência de instituições como a ONU, senão servir de prova podem parar de me ler e continuar a perceber de política através das páginas do Publico, ou dos folhetos do Bloco, cuja única utilidade devia ser enrolar charros.
A chamada disputa entre Israel e o fanatismo islâmico é, no sentido mais profundo, a luta entre as forças do bem do mal. Perguntar-me-ão alguns: o que é o mal? Simples: a conduta adotada pelos monstros. Exemplos: decapitar ou pôr bebés no forno, violar mulheres em grupo, raptar doentes e idosos.
Está devidamente verificado? A esmagadora maioria das fotografias e vídeos, sim. Os canais oficiais do Hamas – não me refiro tanto aos media gigantes e globalistas, mas aos canais dos próprios terroristas no Telegram – publicaram-no. Atrocidades ao nível dos nazis. Dos nazis, mesmo. Não das pessoas que são tidas como tal por se recusar a usar pronomes, ou dos aspirantes a micro-hitlers que se borrifam de medo com uma janela fechada de repente com o vento.
Para os Guterres deste mundo, a “vingança” – exato, entre aspas – justifica-se, não aconteceu do nada. Existem precedentes para queimar pessoas vivas. Inocentes ou não, tanto faz. São todos judeus, não é verdade? Provavelmente, têm dinheiro e sucesso de uma maneira desproporcionalmente maior à cambada de cretinos, tesos e invejosos, não fosse o ressentimento, a dor de corno e a cobardia um dos maiores sintomas de antissemitismo.
Para ser sincero, inicialmente fiquei surpreso com a reação do chamado mundo civilizado ao ataque no sul Israelita. Não só dos indivíduos do dia-a-dia, mas dos políticos-mor. Os Estados Unidos chegaram-se mais à frente do que seria esperado. Não sei o quão seria diferente com os Republicanos, por norma mais próximos de Israel, mas não tão bélicos quanto os Democratas. A solidariedade com as vítimas do 7 de outubro, no entanto, foi-se num abrir e fechar de olhos. No momento em que as Forças de Defesa Israelitas resolveram responder, acabou-se o aval. Apenas foi permitido aos judeus comer, calar e chorar. Defender-se, está quieto. O rebanho, conforme instruído, indignou-se e revoltou-se de acordo com o tempo de antena delegado.
No fundo, trata-se da velha manha marxista do oprimido contra o opressor. O primeiro merece a nossa ínfima compaixão, coitado, dêem-lhe carta-branca para a crueldade. Falando em branco, Israel é aqui visto como o sacana do homem branco, capitalista, a nadar descaradamente em dinheiro, o tal que é rico porque rouba e jamais por mérito.
Israel comete e cometerá os seus erros nesta e noutras investidas. Porém, não se tratam de atos deliberados, antes lapsos humanos. Quem passe a linha, será investigado e punido internamente, e não galardoado com uma casa ou uma data de massa, o que é nada mais, nada menos que o modo como o Hamas incentiva os seus “heróis”. O experiente e sensato Jocko Willink recomendou ao exército de Netanyahu o fim do bombardeamento aéreo em Gaza. Não se trata de um alerta moral, mas prático. Israel deve invadir o território sob o comando do Hamas com peritos. Arrasar e dizimar Gaza custará vidas civis como em qualquer guerra. No entanto, e voltando a citar Jocko, Israel tem mais interesse em proteger as crianças palestinianas que os carniceiros do Hamas, a quem a morte de menores não só vai ao encontro da causa, como enche os cofres dos seus líderes, algures a curtir a boa vida do Catar.
Seria certamente útil saber como algo da envergadura do 7 de outubro aconteceu num solo super seguro como Israel. Terá sido sabotagem? Não estamos no momento apropriado para averiguar, outras prioridades sobrepõem-se. Netanyahu terá a cabeça a prémio. Mas serão os Israelitas a julgá-lo, com os mesmíssimos modos decentes do Ocidente, e não à la extremista islâmico. Sirva também de aviso para a criação de fronteiras firmes na Europa. Basta de dar as boas-vindas a criminosos do ódio no velho continente.
Aguarda-se, com alguma ansiedade, pela retoma dos Acordos de Abraão. A paz possível só lá vai com homens valentes. Esperemos que volte em breve, talvez no ano que vem. Palpita-me que em novembro de 2024.