Em apenas uma geração, uma cidade estado como Singapura, com pouco mais de 2 milhões de habitantes, passou de país do 3º mundo a uma referência de respeito a nível mundial e asiática em particular. Propomos analisar as principais mudanças que foram operadas e como nós portugueses podemos tirar ilações práticas para evitar a tendência de perda de competitividade a cada ano que passa.
HAVERÁ SOLUÇÃO PARA O NOSSO DESÍGNIO COLETIVO?
Em 1959 quando o país ganhou autonomia da Grã-Bretanha, Lee Kuan Yew foi nomeado 1º ministro de Singapura que à época, era um país pobre, o PIB per capita era de 500 dólares, praticamente o mesmo do Gana em África e sofria dos problemas de países de 3º mundo, corrupção, crime e economia de subsistência.
Era um país carente de petróleo e outras riquezas naturais, mas Lee, segundo Henry Kissinger, no seu livro Leadership (2022), “considerava o principal recurso, a qualidade do seu povo, cujo potencial só poderia desenvolver-se se não fosse abandonado à insurgência comunista, à invasão por países vizinhos ou à hegemonia chinesa, e procurava uma ajuda americana para compensar as dificuldades que previa”. Esta coragem de ir sistematicamente contra o ambiente reinante, isto é, a capacidade de resistir a ser arrastado pela disposição do momento, é uma das qualidades fundamentais de um grande estadista.
Viabilidade Económica
Primeiro desígnio, de interesse nacional, era conseguir segurança e viabilidade económica. Aproveitando a localização estratégica na Ásia, Singapura é hoje um centro de comércio e negócios global, com importante porto marítimo, comércio e centro financeiro. Este ambiente empresarial favorável, torna Singapura num país amigável para os negócios do mundo, com regulamentações transparentes e incentivos governamentais para atrair empresas estrangeiras. Aposta clara nos serviços financeiros, tecnologia e turismo.
Governo Eficiente
Para se trabalhar para o governo e função pública, em alguns cargos, é necessário ter comprovada carreira como CEO de multinacionais, isto é, Singapura aposta nos melhores talentos do país para trabalharem ao serviço dos seus cidadãos, sendo um dos países do mundo onde melhor se paga nos cargos públicos. Daí garantir um governo eficiente, transparente e estável, bem conhecido por planear e administrar a sua economia com o objetivo de melhorar a vida dos cidadãos e por ser um dos países menos corruptos do mundo. O baixo risco político, atrai investidores de todo o mundo. Tem infraestruturas de qualidade de nível mundial, incluindo excelentes estradas, transporte público, aeroportos e portos, hospitais e educação.
Investimento em Educação
O país é reconhecido por ter uma força de trabalho altamente qualificada e bem treinada, graças a um sistema educacional de alta qualidade. Além disso, tem investido em pesquisa e desenvolvimento para se manter atualizado com as últimas tecnologias. Isso tem permitido que o país se torne líder em inovação e tecnologia. Assim sendo, o sistema educacional é altamente eficiente e é considerado um dos melhores do mundo.
Importantes dicas para qualquer novo governo se nortear
Para tirar Portugal, definitivamente, da escalada decrescente de competitividade que tem tido nos últimos anos, um novo governo pode aprender muito com a história de sucesso de Singapura. Para melhorar a economia portuguesa e tornar o país mais competitivo, é necessário apostar na educação e formação de qualidade, bem como na atração de investidores e no desenvolvimento de boas infraestruturas. O governo também deve ser mais eficiente e transparente, com políticas equilibradas e orientadas para melhorar a vida dos seus cidadãos. É hora de seguir o exemplo de Singapura e começar a construir um futuro melhor para Portugal.
Pedro Matos
Doutor em Economia Internacional pela Universidade Complutense de Madrid, professor universitário e membro da Comissão Executiva da Câmara de Comércio e Indústria Árabe Portuguesa
