Dubai projeta ser a melhor cidade do mundo para se viver, de acordo com o recente Plano Estratégico 2024-2030. Ambiciona organizar todos os serviços à distãncia de 20 minutos de todo o cidadão. As autoridades dizem estar focadas na transformação da cidade de acordo com os princípios da sustentabilidade, resiliência e equidade. Mas os críticos deste tipo de projectos receiam que, em regimes autocráticos e tribais, como o Dubai, conduzam a uma sociedade ainda mais controlada e com menor liberdade para os cidadãos.
O novo Plano Estratético 2024-2030 para o Dubai tem como objetivo redimensionar a mobilidade da cidade possibilitando ao cidadão o acesso, a pé ou de bicicleta, aos principais serviços diários em 20 minutos, de acordo com o princípio da sustentabilidade.
Aproveitando a organização da Conferência das Partes da Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28) pelos Emiratos Árabes Unidos (EAU), este plano estratégico está alinhado com o Plano Urbano 2040 do Dubai e que pretende tornar o Dubai numa das melhores cidades para se viver. Por tal motivo, apresenta cinco grandes objetivos tais como a integração dos transportes multimodais, a construção de novas soluçóes de mobilidade inteligentes, a acessibilidade dos cidadãos melhorada e uma infraestrutura tecnológica flexível.
2030 – O ano da sustentabilidade no Dubai
A nova estratégia de “Zero-Emissions Public Transportation in Dubai 2050” inlcui a conversão total da frota de veículos para a fonte de energia elétrica e de hidrogénio em duas fases: até 2040, a conversão abrange os taxis e as limusinas; até 2050, a conversão engloba os transportes públicos.
C40 – a liga mundial supranacional das cidades dos 15 minutos
Cerca de 40 presidentes da câmara de várias cidades em todos os continentes iniciaram um projeto de colaboração supra-nacional com o objetivo de transformar as comunidades numa perspetiva de sustentabilidade, resiliência e equidade – alegadamente suportada no conhecimento científico -, de forma a proteger os cidadãos das alterações climáticas. Por isso o compromisso concreto diz respeito à redução das emissões de CO2 já em 2030.
Este projeto procura desenvolver programas concretos e adaptados, à escala mundial e regional, assim como criar novas carreiras profissionais associadas à agenda verde.
Na Ásia, o projeto C40 também é palco de outras cidades de 15 minutos como Ahmedabad (Índia), Amman (Jordânia), Bengaluru, Chennai, Munbai e Delhi (Índia) ou Dhaka (Bangladesh).
Cidade-maravilha ou cidade-prisão?
Surgem, contudo, algum ceticismo sobre a intencionalidade do projeto da Cidade dos 15 minutos, em nome do bem comum. O modelo inicialmente porposto por Carlos Moreno, urbanista e professor na Universidade de Paris, tem encontrado forte oposição em cidades como Oxford, no Reino Unido. A argumentação dos opositores ao modelo centra-se, sobretudo, na falta de consulta pública alargada sobre o projeto e na limitação da liberdade de circulação do cidadão sob falsos pretextos, que acabarão por abrir a porta ao desenvolvimento de mecanismos de controlo social.
Contudo, para muitos, em Estados com regimes políticos não democráticos, no seio dos quais o debate público é limitado, este modelo constituirá um caso de sucesso.
Referências
Dubai set to become a ’20-minute city’ | Transport – Gulf News
Dubai set to become a ’20-minute city’ – The NFA Post
Conclusions de la COP 28 de Dubai, décembre 2023 | PDF (slideshare.net)
Dubai 2040 Urban Master Plan (dm.gov.ae)
Ver também:
A cidade dos 15 minutos: oportunidade ou prisão? – The Blind Spot
Governante inglês classifica a “cidade de 15 minutos” como plano sinistro – The Blind Spot
As raízes soviéticas das cidades de 15 minutos – The Blind Spot