Após três anos marcados por uma mortalidade muito elevada, Portugal voltou a registar em 2023 um excesso, desta vez, de mais de 7,5 mil mortes em relação ao período pré-pandémico. Depois de anos com grande preocupação em relação aos números covid, a questão da mortalidade geral tem sido ignorada pelas entidades públicas de saúde e pelo governo. O “estudo detalhado” sobre o assunto, que foi prometido pelo anterior governo, nunca chegou a ser apresentado, não existindo assim justificações oficiais para o fenómeno.
O ano de 2023 ficou mais uma vez marcado pelo elevado excesso de mortalidade. Comparando com a média dos anos pré-pandémicos (2015 a 2019), depois de três anos em que se registou um excesso de mortalidade superior a 40 mil mortes, no ano passado registaram-se mais 7.563 mortes adicionais.
No total, desde 2020 o excesso de mortalidade totaliza 47.844 mortes.
É importante notarmos que uma ligeira tendência de subida na mortalidade já se verificava de 2014. Por exemplo, comparando a média entre 2010 a 2014 e 2015 a 2019, verificamos um aumento médio de 530 mortes por ano.
No entanto, o aumento nos último quatro anos é incomparavelmente superior com um aumento médio de cerca de 12 mil mortes por ano, o que corresponde a um aumento médio 22 vezes superior.
O estudo prometido sobre o excesso de mortalidade
Em agosto de 2022, portanto há mais de 16 meses, o Ministério da Saúde, então liderado por Marta Temido, prometeu “um estudo aprofundado” sobre “os excessos de mortalidade”.
No entanto, o Ministério da Saúde continua sem apresentar justificações para a evolução da mortalidade nem responder ao The Blind Spot sobre em que “estado está o estudo sobre as causas da mortalidade excessiva e sobre quem o está a realizar”.
Ausência de explicações
Continuam assim por apurar inúmeras questões como (1) porque é que mortalidade foi alta em períodos com “pouca covid” em 2020, (2) porque já depois da maioria da população ter imunidade natural, ou ter sido vacinada com uma vacina supostamente muito eficaz, a mortalidade se manteve elevada ou (3) porque, após três anos de elevadíssimo excesso de mortalidade, nomeadamente, da população mais frágil, não assistimos a déficits de mortalidade geral que normalmente sucedem esses períodos.
Portugal 2020
Ver também:
A experiência Sueca: Quem foram afinal as cobaias? – The Blind Spot
Estudo prometido sobre excesso de mortalidade entre 2020 e 2022 não foi apresentado – The Blind Spot
