A iniciativa ESG acaba de perder quatro dos seus maiores embaixadores em 2024. As grandes empresas de gestão de investimentos BlackRock, State Street, JP Morgan e Pimco abandonam o Grupo Climat Action 100+ e a política “net-zero”, declarada em 2017. Esta dissidência poderá reabrir o debate sobre os ESG.
O recente abandono do Grupo Climat Action 100+ pelos quatro titãs financeiros norte-americanos – JP Morgan, Pimco, BlackRock e State Street – coloca novos desafios ao mercado.
A State Street e a JPMorgan Asset deixam a iniciativa. A BlackRock permanece no grupo mas altera a modalidade de colaboração, agora via BlackRock Internacional.
A saida terá sido o resultado de uma mudança de foco do Grupo. Inicialmente, o esforço do Climat Action 100+ teria sido feito sobre a identificação de metas de “net-zero” aliadas a planos de descarbonização. Mas, mais recentemente, a politica do grupo deslizou para a redução, de facto, das emissões de carbono por parte das empresas.
2022: BlackRock afasta-se
Em 2022 a BlackRock já anunciava, no relatório apresentado aos acionistas, a intenção de diminuir o suporte a projetos relativos a alterações climáticas apresentados por acionistas.
O motivo estaria associado ao extremismo de algumas propostas de projetos apresentadas dentro do grupo, que revelaram ignorar a criação de valor para os acionistas.
Pelo que o titã financeiro teria decidido que os critérios de selecção de outras propostas futuras exigiriam maior transparência na fundamentação de riscos e oportunidades no longo prazo, para os acionistas.
A Climat Action 100+
Criada em 2017, é uma iniciativa fundada por cerca de 700 grandes empresas. Contando com o poder de influência dos gestores daquele grupo, esta iniciativa visa acelerar os planos de descarbonização das empresas.
O que são os ESG
O termo ESG – Environment, Social and Governance, na lingua inglesa – resultou do Pacto Global da ONU, em 2004, numa parceria com o Banco Mundial. Trata-se de um conceito que envolve boas práticas ambientais, sociais e de boa governança nas empresas, com o objectivo último de contribuir para a sustentabilidade do planeta.
Para tal, as organizações que adotam estas boas práticas mostram, ao mercado e à sociedade em geral, que as suas preocupações ultrapassam os resultados financeiros, procurando a distinção via padrões de atuação íntegros e éticos.
Ainda em 2021, segundo o Global ESG Survey divulgado pela PwC, a maioria dos investidores inquiridos concordava que as boas práticas ESG eram determinantes no momento de decidir investir.
O que é certo, no momento presente, é que o debate sobre os ESG parece estar reaberto.
Referências