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Caso de “linchamento”: Diretor de escola na Amadora considera suspeições “graves e caluniosas”

Muitas dúvidas têm surgido acerca do alegado “linchamento” sofrido por uma criança nepalesa de nove anos numa escola em Lisboa, denunciado esta semana pela diretora do Centro Padre Alves Correia (CEPAC), Ana Mansoa, à Rádio Renascença. Ao The Blind Spot, o diretor do Agrupamento de Escolas da Damaia lamenta que a escola onde terão ocorrido as agressões não tenha sido identificada e fala em “suspeições e afirmações graves e caluniosas”, que põem em causa “o esforço desenvolvido para desmontar o estigma criado em torno do concelho da Amadora”.

O caso tem feito correr muita tinta. Depois de o Ministério da Educação, Ciência e Inovação ter esclarecido que não existe nenhuma criança nepalesa de nove anos na escola da Amadora onde teria ocorrido o “linchamento” com motivações racistas denunciado pela diretora da CEPAC – uma associação de apoio a imigrantes – e que não foi reportado nenhum incidente semelhante, muitas dúvidas se levantaram.

Para obter mais informações, o The Blind Spot questionou as escolas do ensino básico no concelho da Amadora, e tentou ainda contatar a diretora executiva da CEPAC, Ana Mansoa, que até ao momento permanece indisponível para esclarecimentos.

Em resposta ao The Blind Spot, o diretor do Agrupamento de Escolas da Damaia, José Pontes de Oliveira, lamentou esta sexta-feira que não se tenha identificado o agrupamento escolar em que terá tido lugar o alegado “linchamento” do menino nepalês por cinco colegas menores que terão proferido palavras racistas, enquanto um sexto colega filmava as agressões para divulgarem depois no WhatsApp.

Tendo em conta a gravidade da denúncia, o diretor deste agrupamento na Amadora considera que o facto de não se identificar a escola em questão alegando-se a “proteção da criança” – que tem sido o argumento utilizado por Ana Mansoa para não adiantar mais pormenores sobre o caso – contribui para aumentar o estigma em relação ao conselho e não se justifica, uma vez que a criança “já nem frequentará a escola”.

Além disso, José Pontes de Oliveira salienta que estamos “perante suspeições e afirmações gravosas e caluniosas que não só colocam em causa toda uma comunidade educativa, bem como o esforço desenvolvido para desmontar o estigma criado em torno do concelho da Amadora”.

A escola onde terá ocorrido a agressão, que apenas se sabe pertencer ao concelho da Amadora, disse não ter registo do incidente, e a CEPAC emitiu ontem um comunicado onde afirmou que “não prestará mais declarações sobre o caso aos meios de comunicação social”, apelando ao “respeito pela privacidade da criança e sua família”. De acordo com o jornal Público, o incidente já terá sido reportado ao Ministério Público.

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