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Estudo alerta para os efeitos indesejáveis da geoengenharia

Com o intuito de, supostamente, combater as alterações climáticas antropogénicas, a geoengenharia tem sido uma aposta cada vez mais popular no sentido de arrefecer o planeta. Mas um estudo publicado esta sexta-feira na revista Nature adverte para efeitos nocivos da aplicação regional da técnica de modificação de nuvens “marine cloud brightening”, que poderá desencadear ondas de calor mais fortes na Europa. Para os autores do estudo, os “efeitos colaterais inadvertidos da geoengenharia solar continuam a ser uma das maiores preocupações sobre qualquer utilização futura, regional ou outra”.

Provavelmente, a mitigação dos efeitos das “alterações climáticas” antropogénicas terá de passar por uma “combinação das reduções de emissões de gases com efeitos de estufa, remoção de dióxido de carbono e geoengenharia solar (SG, na sigla em inglês)” – é o que dizem os autores de um estudo sobre “marine cloud brightening” (MCB), uma técnica que consiste em ‘semear’ com partículas de sal marinho as nuvens acima do oceano para que a radiação solar seja refletida de volta para a superfície da Terra.  O MCB começou, por exemplo, a ser utilizado há quatro anos pelo governo australiano na Grande Barreira de Coral, como uma suposta tentativa de arrefecer a temperatura e prevenir os danos aos corais causados pelo calor. 

Mas, os mesmos autores advertem que os riscos do uso desta prática a uma escala regional podem superar os benefícios, ao fazer subir a temperatura noutras regiões e países mais distantes, impactando sobretudo a Europa.

Com projeções para os anos de 2010 e 2050, o artigo publicado esta sexta-feira na revista Nature simula a aplicação de MCB a duas regiões da Costa Oeste dos Estados Unidos – uma perto do Alaska e outra perto da Califórnia – de forma a impedir a ocorrência de temperaturas altas extremas.

E a principal conclusão do estudo, com a simulação feita para daqui a 26 anos, aponta para consequências nefastas, com efeitos colaterais de aumento das temperaturas em várias partes do mundo e o gerar de ondas de calor no velho continente – particularmente, na Escandinávia, na Europa Central e de Leste.

Apenas na simulação para 2010 (se tivesse sido usada nessa data), seria eficaz e mais ‘livre’ de impactos adversos: o perigo associado ao calor extremo baixaria em 55% na região próxima do Alaska, e em 16% perto da Califórnia, para além de a Europa também registar um arrefecimento da temperatura.

Os cientistas responsáveis pelo estudo afirmam que os “efeitos colaterais inadvertidos da geoengenharia solar (SG) continuam a ser uma das maiores preocupações sobre qualquer utilização futura, regional ou outra”, e salientam que a técnica de ‘marine cloud brightening’ é ainda “largamente desregulada”. Além disso, salientam que a literatura disponível sobre os esquemas de SG, até agora, pode estar a subestimar a extensão das “respostas inesperadas” do uso de MCB.

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