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WikiLeaks: os principais crimes que Assange revelou

O fundador do portal WikiLeaks, Julian Assange, foi esta semana libertado da prisão onde estava há cinco anos no Reino Unido, depois de ter finalmente chegado a um acordo com a justiça norte-americana. Ainda assim, Assange foi considerado culpado de espionagem por ter revelado crimes de guerra e outras más práticas do governo americano. Entre as principais revelações do WikiLeaks estão: (1)os assassinatos de civis, (2)as práticas de tortura a prisioneiros, (3)a espionagem em larga escala, (4)o apoio a ditaduras, (5)a ingerência norte-americana em países e organizações internacionais e (6)o conluio de Hillary Clinton com os grandes média e ONGs para prejudicar o seu adversário democrata na altura, Bernie Sanders.

Foi há 14 anos que o caso ‘WikiLeaks’ chocou o mundo com a divulgação de documentos confidenciais que implicavam diretamente a Administração dos Estados Unidos. Através daquele portal, o jornalista australiano Julian Assange deu a conhecer ao ‘povo’ norte-americano inúmeros crimes e ações graves perpetrados pelo seu próprio governo. A divulgação de um vídeo de um ataque aéreo americano que vitimou 18 civis no Iraque em 2007, onde dois jornalistas da Reuters foram também mortos, foi um dos exemplos mais marcantes. Contudo, pelo seu trabalho como jornalista, Assange foi, oficialmente, considerado um criminoso, tendo estado em ‘reclusão’ durante mais de uma década – e desde 2019 que se encontrava numa prisão de alta segurança no Reino Unido. Nesta semana foi finalmente libertado, depois de ter chegado a acordo com a justiça norte-americana. No contexto da sua libertação, o The Blind Spot recorda alguns dos casos mais escandalosos que o fundador do WikiLeaks permitiu que se soubesse.

A guerra do Iraque

A guerra do Iraque durou entre 2003 e 2011 e, um ano antes do seu fim, a plataforma WikiLeaks revelou os crimes de guerra cometidos pelos Estados Unidos durante o conflito. Desde ataques a civis, que resultaram em mais de 66 mil mortos, a práticas de tortura, violações e abusos, os crimes do lado norte-americano foram muitos, num conflito que acabou com mais de 100 mil mortes. Apesar dos números divulgados pelo portal, tanto a Administração norte-americana como a britânica haviam negado a existência de ‘baixas’ civis durante a guerra.

Tortura e outras práticas desumanas na Baía de Guantánamo

A prisão da Baía de Guantánamo em Cuba foi o tenebroso destino de muitos homens acusados de atos terroristas pelos Estados Unidos. Porém, num campo de detenção onde os maus tratos e práticas de tortura às centenas de prisioneiros eram rotina, dezenas de homens estavam detidos sem sequer terem sido formalmente condenados. Os reclusos viviam em condições desumanas, que incluíam trabalhos forçados com utilização de máscaras faciais. Em 2011, o WikiLeaks revelou também que os serviços de Inteligência de países como a China e a Líbia, conhecidos pela sua desconsideração pelos direitos humanos, chegaram a interrogar os prisioneiros daquele campo de detenção.

Espionagem em larga escala

Um dos grandes ‘méritos’ da WikiLeaks, e decerto uma das razões da perseguição do governo americano a Assange, foi a revelação da extensão da espionagem feita pelos Estados Unidos. Soube-se que a Agência de Segurança Nacional (NSA) vigiava cidadãos e líderes políticos europeus, interceptando as suas comunicações e acedendo a reuniões ‘críticas’. Alguns dos alvos foram figuras de proa da Europa, como a antiga chanceler da Alemanha, Angela Merkel, o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy e o ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi. 

Conforme os dados que a WikiLeaks divulgou entre 2015 e 2017, a Administração americana também espiava continuamente líderes do Japão, de Israel e do Brasil e da ONU.

Guerra do Afeganistão

Tal como no Iraque, também na guerra do Afeganistão, que se prologou durante duas décadas, foram muitos os crimes de guerra perpetrados pelas forças norte-americanas – e muitos deles seriam amplamente conhecidos em 2010 através do WikiLeaks. Entre eles, contavam-se inúmeras baixas civis, que não tinham sido devidamente reportadas pelos Estados Unidos, além de ter havido também recurso a prostituição infantil, com crianças do sexo masculino.

“Cablegate”

Há muito que os Estados Unidos são conhecidos como os “polícias do mundo”, mas há 14 anos, esse ‘título’ adquiriu ainda maior robustez: a WikiLeaks provou a profunda ingerência norte-americana na governação de outros países, e também de organizações supranacionais como as Nações Unidas (ONU). A Administração americana, que na altura tinha Hillary Clinton como secretária-de-Estado, aprovou diretivas para expiar países aliados e membros da ONU, incluindo diplomatas e líderes políticos, procurando influenciar as suas decisões. Além disso, providenciava apoio a regimes ditatoriais do Médio Oriente, como do Yemen, do Egipto e da Tunísia. O ‘escândalo’ fez mossa nas relações diplomáticas dos Estados Unidos, e acabaria por instigar, poucos anos depois, o conjunto de revoluções que ficaram conhecidas como “Primavera Árabe”.

Os e-mails da Hillary

Durante a campanha para as presidenciais norte-americanas de 2016, milhares de e-mails comprometedores para a equipa da candidata Hillary Clinton foram divulgados. O Partido Democrata foi particularmente visado, ficando-se a saber da forma como beneficiou Clinton, em detrimento de Bernie Sanders, o seu principal oponente dentro do partido.

Através do seu principal comité nacional, cúpula do Partido Democrata, tentou boicotar a campanha de Sanders, e ‘trabalhou’ com grandes títulos da imprensa norte-americana, como a CNN e o New York Times, para filtrar as informações veiculadas – omitindo, por exemplo, alguns donativos para a campanha de Clinton – de modo a que favorecessem a imagem da candidata.

Síria

Julian Assange chegou a afirmar que a CIA pavimentou o caminho para a criação do Estado Islâmico (ISIS), já depois de ter começado a divulgar, em 2012, através da WikiLeaks, mais de dois milhões de e-mails trocados pelos líderes políticos da Síria, onde se ficaram a conhecer os procedimentos face ao grupo terrorista.

Os e-mails mostravam o papel de empresas europeias na vigilância a civis sírios, e a fabricação de um artigo para a revista Vogue sobre a mulher do presidente Bashar al-Assad, pela empresa de relações públicas Brown Lyoid James.

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