Com uma taxa anual cobrada aos agricultores, o governo dinamarquês pretende combater a emissão de gases libertados pelo gado – nomeadamente o metano, encarado como um dos ‘culpados’ pelo aquecimento do planeta. A Dinamarca é o primeiro país do mundo a implementar a medida, que entrará em vigor a partir de 2030, com um agravamento previsto para 2035, ano em que os agricultores terão de pagar 40 euros por cada tonelada de “CO2 equivalente” emitido por cada animal. De recordar que o metano é um gás natural com forte efeito de estufa por volume, mas que apenas está presente em cerca de 0,00019% da atmosfera (com uma vida média inferior a 12 anos, muito menos do que o CO2).
Os produtores de gado na Dinamarca terão de pagar uma taxa anual por cada vaca, ovelha ou porco, para colmatar os gases com efeito de estufa libertados pelos animais – nomeadamente o metano, tido como uma das principais causas das alterações climáticas. Esta decisão resultou de cinco meses de negociações com organizações agrícolas e de conservação, e foi anunciada no final do mês passado. Apesar de estar em causa o metano produzido pelo gado – e não o dióxido de carbono – convencionou-se que, em teoria, aquele gás pode ser considerado como CO2 para efeitos de simplificação e medição do seu impacto no aquecimento do planeta, usando-se então o termo “CO2 equivalente”.
Ao tomar a dianteira como o primeiro país do mundo a impôr um imposto deste género na agricultura, o governo dinamarquês liderado pela social-democrata Mette Frederiksen admitiu que espera inspirar outros países a seguir as suas pisadas.
A redução de 70% das emissões totais de gases com efeito de estufa em relação aos níveis de 1990 é o objetivo do acordo, que engloba também a reflorestação e a criação de zonas húmidas, nas quais o governo investirá cerca de 5,4 mil milhões de euros (40 mil milhões de coroas).
A medida deverá ser aprovada pelo parlamento dinamarquês durante este ano, começando apenas a ter efeito em 2030. Nessa altura, os agricultores deverão começar a pagar um imposto anual de 40 euros (300 coroas) por cada tonelada de emissões de CO2 equivalente gerado pelo gado, que evoluirá para os 100 euros (750 coroas) em 2035. Porém, uma dedução fiscal de 60% fará com que o preço real a pagar seja muito mais reduzido (16 euros em 2030 e 40 euros em 2035). Tendo em conta que, segundo as estimativas, uma vaca média na Dinamarca produz seis toneladas de CO2 equivalente por ano, cada uma poderá significar um custo de 96 euros anuais para os produtores de gado.
No dia em que o governo anunciou o novo imposto, a ministra da Economia, Stephanie Lose, disse na rede social X que este é um “acordo que formará a base para uma reorganização e reestruturação histórica da produção de terras e alimentos da Dinamarca”.
Devido ao peso da exportação de lacticínios e carne de porco na Dinamarca, a agricultura é apontada como um dos setores mais responsáveis pela emissão de gases poluentes.
A necessidade de ‘sacrificar’ os agricultores e o consumo de produtos animais em prol da redução de CO2 tem sido um dos pontos centrais da agenda verde promovida pela Comissão Europeia, que pretende alcançar a neutralidade carbónica até 2050.