Com a justificação da necessidade de melhorar a segurança e a regulação do trânsito, as autoridades francesas montaram um complexo sistema de restrições à circulação. O trânsito no centro da cidade foi condicionado, estações de metro foram fechadas, e há zonas antiterror onde só se pode entrar mediante a apresentação de um QR code. Em contagem decrescente para a cerimónia esta sexta-feira, o país encontra-se no nível de alerta mais elevado.
Na próxima sexta-feira, Paris será o palco da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2024. O evento está marcado para as 19h24 e não durará mais de quatro horas, mas a cidade já se começou a preparar para a grande cerimónia desde o passado dia 18 – forçando os parisienses a alterarem muito as suas deslocações diárias até ao dia 26.
Durante mais de uma semana, os transeuntes têm de estar a braços com uma série de constrangimentos. Para circular em vários pontos centrais da cidade, é necessário adquirir um passe digital, pessoal e intransmissível, e apenas para maiores de 13 anos. Desde maio de 2024 que é possível requerer o documento através de uma plataforma online, e o processo deverá repetir-se quando começarem os Jogos Olímpicos.
Salvo algumas exceções, como veículos médicos ou de segurança, o trânsito está interdito no coração de Paris. O centro da cidade foi dividido em duas zonas distintas: uma cinzenta e uma vermelha. Para aceder à zona cinzenta – ou antiterror – que abrange as imediações do rio Sena, é obrigatório estar na posse de um QR code, que poderá ser apresentado em formato digital ou em papel. Para o obter, é necessário um registo prévio num portal do governo, que irá autorizar o acesso aos perímetros mais próximos do evento.
Mas esta é uma possibilidade reservada apenas aos espectadores da cerimónia, ou para os residentes e locais. De facto, a aquisição do passe com o QR code obriga o requerente a apresentar uma justificação válida para a sua permanência no local, como motivos laborais, e a fornecer dados pessoais, como o seu endereço de residência. De acordo com as autoridades citadas pelo Le Monde, mais de 300 mil pessoas já o fizeram.
Na zona vermelha, que circunda o perímetro da zona cinzenta, a livre deslocação é permitida a ciclistas, pedestres, ou pessoas que se desloquem em scooters. A estes, é dispensada a apresentação de um passe. Contudo, aos veículos motorizados, aplicam-se exatamente as mesmas regras que na zona cinzenta.
Justificação das medidas
As medidas são justificadas com a necessidades de “garantir a segurança das pessoas e dos bens, bem como a boa gestão dos fluxos de tráfego”.
Os receios de terrorismo, de outros incidentes, e a dimensão do evento – que contará com centenas de milhares de espectadores – obrigam ainda a outras medidas de segurança. Haverá um reforço policial, incluindo unidades especiais e de intervenção, com 45 mil agentes de serviço.