A francesa Gourmey é a primeira empresa a avançar com um pedido de autorização aos reguladores para vender carne cultivada na União Europeia – mais concretamente, um “Foie Gras”. Com organizações internacionais, como a Good Food Institute, a fazer lobbying em Bruxelas para alavancar a comercialização de “carne” produzida em laboratório, esta ‘iguaria’ pode mesmo estar prestes a ser aprovada pelos reguladores europeus.
A chamada “carne de laboratório” – ou carne ‘cultivada’ – está em vias de entrar no ‘menu’ europeu, depois de a empresa francesa Gourmey se ter tornado na primeira a avançar com um pedido de autorização aos reguladores da União Europeia (UE) para vender o seu “Foie Gras”. A empresa apresentou o mesmo pedido em Singapura, no Reino Unido, na Suíça e nos Estados Unidos.
São ainda muito poucos os países onde esta ‘carne’, que pode ser produzida a partir das células de vários animais (desde frango a carne de vaca), pode ser encontrada – é vendida em Singapura desde 2020, e nos Estados Unidos desde 2023, ainda a preços pouco acessíveis.
Marketing e lobbying pela carne artificial
Feito esta semana, o anúncio da empresa francesa sobre o pedido de autorização para o seu “Foie Gras” veio acompanhado da divulgação de uma sondagem online, que terá concluído que a maioria dos consumidores portugueses inquiridos está receptivo a comprar carne cultivada em laboratório. Em concreto, 60% dos inquiridos estaria disposto a experimentar esta ‘carne’, e 64% terá respondido que, se for mesmo comercializada, a sua produção deve passar também por Portugal.
Porém, o inquérito contou com apenas 1.015 participantes, e foi encomendado pela Good Food Institute, uma organização internacional sem fins lucrativos que se dedica a promover alternativas vegetais à carne. O inquérito, com conclusões pouco representativas, foi encomendado a uma empresa holandesa de estudos de mercado através da internet, a YouGov Dutschland.
De salientar que a sucursal belga da Good Food Institute tem feito lobbying junto da Comissão Europeia, sendo possível encontrar no Portal “Integrity Watch” oito reuniões com eurodeputados europeus só nos últimos três anos e meio.
Agora, será preciso esperar pelo menos 18 meses para que o processo de autorização esteja concluído, mas, caso tenha luz verde, este “Foie Gras” cultivado poderá ser vendido em toda a União Europeia.
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