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Carlos Moedas mantém alegação de autoria do “maior evento da História de Portugal”

O The Blind Spot contactou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa para saber se mantinha a publicação feita na rede X, onde alegou ter realizado “o maior evento da História de Portugal” com a Jornada Mundial da Juventude. Perante as nossas questões, a sua assessoria justificou essa “referência” com o “número inédito de participantes registado em apenas um dia” na vigília que decorreu no Parque Tejo. Numa época em que tanto se clama por medidas extremas contra o “populismo” e a “desinformação”, a falta de escrutínio parece continuar em relação a certos políticos e à imprensa mainstream, que incorrem recorrentemente nessas práticas. 

Num post publicado na rede social X (antigo Twitter), Carlos Moedas, atual presidente da Câmara Municipal de Lisboa, alegou que a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que ocorreu há cerca de um ano na capital, “foi o maior evento da História de Portugal”, com um retorno económico de 290 milhões de euros.

A publicação teve centenas de respostas críticas, grande parte delas questionando a sua veracidade. 

Informação objetivamente falsa 

Ora, para além dos muitos eventos objetivamente mais marcantes dos nossos vários séculos de história, a JMJ nem sequer foi o maior evento das últimas décadas em Portugal. 

Dependendo das fontes e dos critérios utilizados, vários outros eventos poder-se-iam equiparar ou até superar a a sua dimensão, como a Web Summit ou a visita do Papa Francisco em 2017. 

No entanto, dois eventos recentes superaram claramente o impacto do evento organizado pelo presidente da autarquia de Lisboa: 

⦁ A Expo 98, com cerca de 11 milhões de visitantes e um impacto económico estimado mínimo de dois mil milhões de euros; por vezes, até bastante superior;  

⦁ O Euro 2004, com cerca de 400 mil turistas estrangeiros durante o evento, uma grande visibilidade internacional e um impacto económico que ronda os 440 milhões de euros, nas estimativas mais modestas. 

Resposta da C.M. de Lisboa 

Procurámos, deste modo, saber junto do presidente da Câmara de Lisboa se considera correta a afirmação publicada. Foi-nos respondido que essa alegação tinha “em conta o número inédito de participantes registado em apenas um dia, na JMJ: cerca de 1,5 milhões de pessoas na vigília que decorreu no Parque Tejo”. 

Como é evidente, uma alegação de “o maior evento da história de Portugal” não é minimamente suportada por uma variável única (número de participantes numa vigília) e num único dia. 

Até porque Carlos Moedas associa, nessa mesma afirmação, a estimativa de retorno financeiro que diz respeito a vários dias e até anos. 

Falta de escrutínio 

Apesar de a publicação ser claramente enganosa e exagerada, não foi alvo de investigação, nem pela comunicação social mainstream, nem pelos verificadores de factos. 

E isto, embora Moedas se tenha apresentado ao longo dos últimos anos, em Portugal e além fronteiras, como um crítico da desinformação e do populismo, que sempre classificou como um dos grandes perigos da democracia.  

Fonte: Eleito prefeito de Lisboa, Ex-comissário europeu Carlos Moedas prega moderação: Carlos Moedas, novo prefeito de Lisboa: “O populismo está matando a democracia” | Internacional | EL PAÍS Brasil (elpais.com)

 

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