Os números oficiais, baseados em dados reais, revelam uma redução significativa da tendência global dos incêndios florestais, pelo menos desde os últimos 25 anos (entre 1998 e 2023). Apesar deste facto, a cobertura mediática dos fogos florestais tem aumentado, bem como a sua ‘colagem’ às alterações climáticas. Esta queda tem sido geral e acentuada, com exceção do continente Americano, onde se regista uma tendência de redução ligeira.
O mundo está a arder menos. Esta é a conclusão que podemos retirar da análise dos dados publicados pelo Sistema Global de Informação sobre Incêndios Florestais (GWIS, na sigla em inglês) e publicados em gráficos pelo Our World in Data (OWD).
Desde 2012 que a média de área ardida tem decrescido de forma significativa. Nos últimos seis anos, a extensão de área fustigada por incêndios florestais foi de 382 milhões de hectares, enquanto nos seis anos anteriores a média foi de 417. Ou seja, trata-se de uma redução de 9%.
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Esta tendência é, aliás, facilmente verificada num outro gráfico do Our World in Data, que recua até 2002, e mostra uma acentuada queda global de área ardida (até 2022) – apenas refreada por reduções mais ligeiras nas Américas (do Norte e do Sul).
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Se recuarmos ainda mais, podemos verificar que esta ‘queda’ já começou há pelo menos 25 anos. De acordo com um artigo da revista científica Science, dados de satélite mostram “que, inesperadamente, a área ardida global diminuiu ∼25% nos últimos 18 anos” (entre 1998 e 2015).
Outro dado relevante é que não existem grandes diferenças consoante o tipo de terreno florestal (florestas, savanas, arbustos/relva, terras de cultivo e outras terras).
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Emissões de CO2
Também em termos de emissões de CO2, é evidente uma redução contínua nas duas últimas décadas, particularmente suportada pelo continente que mais arde: África.
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Cobertura mediática
Apesar desta acentuada redução de área ardida e das emissões de CO2, a cobertura mediática dos incêndios parece não seguir a mesma tendência. E, pelo contrário, parece ter-se intensificado nas últimas décadas, sobretudo nos países mais ricos como os Estados Unidos da América, o Canadá, a Austrália e em vários países europeus.
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Com frequência, estas notícias são veiculadas de forma a propagar a ideia de que os incêndios estão a aumentar a nível global, e que estão diretamente relacionados com o fenómeno das alterações climáticas. Esta narrativa é transmitida através de personalidades políticas, dos média e também de várias Organizações Não-Governamentais.
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Referências bibliográficas:
CSIRO PUBLISHING | International Journal of Wildland Fire
GWIS – Welcome to GWIS (europa.eu)
Ver também:
Ministro anunciou um setembro 40% a 50% mais seco mas foi dos meses menos secos do século
Investigação TBS: Alterações climáticas- Causa existencial, negócio bilionário ou pretexto para mudar o mundo? (assinantes)