Keir Starmer anunciou na Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP29), em Baku, uma nova meta de redução de emissões para o Reino Unido já em 2035: menos 81% em comparação com os níveis de 1990. O Comité para as Alterações Climáticas (CCC) que aconselha o governo já definiu uma série de mudanças necessárias para que o país alcance este objetivo. Em concreto, estipulou a abolição gradual de esquentadores em 2033 e o fim de vendas de carros movidos a combustíveis fósseis em 2032, além de um corte no consumo de carne e lacticínios, e menos viagens de carro e de avião. O primeiro-ministro britânico está alinhado com a agenda “verde” e no ano passado defendeu o investimento nas energias ‘limpas’ em Davos, na reunião anual do Fórum Económico Mundial.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, anunciou o objetivo de reduzir as emissões de gases poluentes do Reino Unido em 81% até 2035 (em comparação com 1990), para pôr o país na dianteira na corrida dos “empregos com energias ‘limpas’” e da “economia do amanhã”. Com esta decisão, o líder do Partido Trabalhista vai mais longe do que o anterior governo, que se tinha comprometido com um corte de 78% das emissões em 2035. O intuito é que o aumento da temperatura global não seja superior aos 1.5 graus celsius, face ao ano de 1990, com base nas recomendações do Comité para as Alterações Climáticas (CCC, na sigla em inglês).
Na Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP29), em Baku (Azerbeijão), que termina no dia 22 de novembro, o primeiro-ministro britânico não detalhou que medidas irá pôr em marcha para atingir a meta, mas comprometeu-se a manter o financiamento de 11,6 mil milhões de libras para o Clima até março de 2026, conforme tinha prometido o executivo anterior. Além disso, Karmer anunciou o investimento de mil milhões de libras num projeto para uma turbina eólica na cidade de Hull – que, acrescentou, permitirá criar 1.300 novos postos de trabalho.
Embora Keir Starmer tenha alegado que, com esta meta climática, não pretende “dizer às pessoas como viverem as suas vidas”, segundo as declarações do comité que aconselhou o governo, é possível antever algumas das mudanças que serão impostas. De facto, em 2020, o CCC emitiu uma série de recomendações com vista à redução das emissões para 2035, que obrigam a mudanças significativas no estilo de vida dos britânicos. E que incluem, em concreto, o fim progressivo de esquentadores em 2033, e das vendas de novos veículos movidos a combustíveis fósseis (incluindo híbridos) até 2032. Além disso, 10% da redução das emissões seriam conseguidas com um corte no consumo de carne e lacticínios – se necessário, com novos impostos para estes produtos –, menos viagens de carro e de avião, e menos “desperdício”.
Críticas da oposição
Do Partido Conservador, houve quem considerasse que esta meta terá como consequências o encarecimento do custo de vida e trará “dificuldades” para a população britânica.
Como noticiou a BBC, a deputada Claire Coutinho, criticou que o facto de esta medida obrigar a uma diminuição do consumo de carne e produtos lácteos, e apontou também que uma restrição ainda maior das emissões fará “disparar” a dependência económica do Reino Unido face às importações da China – um país onde 60% da energia ainda é produzida através do carvão.
Ligações ao Fórum Económico Mundial
O primeiro-ministro britânico mantém relações ‘próximas’ com o Fórum Económico Mundial e, no seu mandato, tem-se mostrado alinhado com os investimentos “verdes” promovidos pela organização liderada por Klaus Schwab.
No ano passado, Keir Starmer participou no encontro anual em Davos, em conjunto com a ministra das Finanças, Rachel Reeves, e posicionou-se a favor da transição “verde”, através do investimento nas ditas energias “limpas”, e da entrada de capital estrangeiro para potenciar os negócios e a economia do país. Na reunião que agrega anualmente grandes empresários e líderes mundiais, Starmer propôs também uma aliança para promover a as energias renováveis a nível global: a “Clean Power Alliance”.
Fontes:
Starmer announces UK target for 81% carbon emissions cut by 2035 – BBC News
How UK Labour stopped worrying and learned to love Davos – POLITICO
Davos 2023-Starmer says no new UK oil and gas fields under a Labour government | Reuters
Ver também:
Lobby na UE (1): 35 maiores lobistas têm a Ação Climática como prioridade – The Blind Spot