Nesta semana, o partido de direita ‘anti-sistema’ Alternativa para a Alemanha (AfD) apareceu, pela primeira vez, à frente numa sondagem nacional, com 25% das intenções de voto – no mesmo dia em que os conservadores da CDU/CSU, que venceram as eleições em Fevereiro, chegaram a um acordo para uma coligação de governo com os sociais-democratas do SPD (centro-esquerda). Em simultâneo, o (presumível) futuro chanceler Friedrich Merz ainda nem sequer tomou posse, mas as sondagens já lhe apontam uma baixa popularidade, que tem vindo a cair no último mês: apenas 32% da população alemã acredita que será um bom governante e 60% considera que não é a pessoa certa para o cargo.
De acordo com uma nova sondagem, se a Alemanha fosse a votos hoje, o partido de ‘direita radical’ Alternativa para a Alemanha (AfD) seria o vencedor, com 25% das intenções de voto. Esta é a primeira vez que o partido liderado por Alice Weidel surge em primeiro lugar numa sondagem feita a nível nacional, desde que foi fundado em 2013.
Logo de seguida, a curtíssima distância, estão os conservadores da União Democrata Cristã (CDU) e da União Social Cristã (CSU), com 24% das intenções de voto.

No entanto, esta subida de posição da AfD – que alcançou o segundo lugar nas eleições federais de Fevereiro passado com 25% da votação – deve-se a uma descida da popularidade dos conservadores cristãos. De facto, o partido de direita ‘segura’ a percentagem obtida nas últimas eleições, ao passo que o bloco CDU/CSU, que vencera com 29% dos votos, perde agora cinco pontos percentuais.
Coincidentemente, o inquérito foi divulgado no mesmo dia (quarta-feira, 9) em que os conservadores conseguiram um acordo para formar governo em coligação com os sociais-democratas do SPD (centro-esquerda). Recorde-se que os sociais-democratas lideraram o último executivo, do chanceler cessante Olaf Scholz, e em Fevereiro sofreram uma pesada derrota nas urnas, passando para o terceiro lugar.
Após a vitória, a CDU/CSU, longe de ter uma maioria parlamentar sólida e com a pressão de manter o ‘cerco sanitário’ à AfD, viu-se forçada a formar um bloco central com o SPD, mas a decisão acarreta riscos e a popularidade do (presumível) futuro chanceler Friedrich Merz já caiu desde o início de Março. Com efeito, nessa altura, Merz tinha ainda a confiança de 40% dos alemães. Agora, apenas 32% considera que é um bom candidato ao cargo. Em contrapartida, 60% acredita que não.
Deste modo, o líder da CDU deverá iniciar funções com pouco apoio popular.
Aquando da sua criação, há pouco mais de uma década, a AfD reunia apenas 4,7% dos votos. Ironicamente, mais tarde, em 2018, Friedrich Merz proclamou que o seu partido atingiria 40% da votação e faria com que o partido nacionalista caísse para metade – uma previsão que se revelou totalmente errada.
Um descontentamento generalizado dos alemães com a recessão económica e as políticas migratórias seguidas nos últimos anos será, em parte, responsável pela crescente adesão à AfD. Resta saber se o novo chanceler conseguirá fazer face às preocupações da população alemã e impedir que o partido de direita ‘anti-sistema’ se consolide mesmo como o primeiro partido no país nas próximas eleições.
Fontes
AfD tops the polls for first time in its history as Merz’s public support for chancellor plummets