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Localização das estações de medição podem estar a empolar estimativas de aquecimento global

Um estudo publicado na Climate sugere que as estimativas de temperatura terrestre, desde 1850, podem estar contaminadas pelo aumento de calor onde os centros de medições urbanos estão localizados. Segundo os dados analisados, existiu uma diferença de 38% entre as temperaturas recolhidas em estações “rurais” e “rurais e urbanas”. Tal como noutros estudos, estes valores superam em muito as estimativas do IPCC, que, apesar de já ter reconhecido esse efeito, o estima em menos de 10%.

Um estudo produzido por 37 cientistas concluiu que as estimativas de temperatura desde 1850 foram fortemente influenciadas pelos locais urbanos, progressivamente mais quentes, onde muitas das medições foram realizadas.

De acordo com a série de dados analisados, a tendência de aquecimento linear de longo prazo (1850-2018) na categoria “rural e urbana” é 62% maior do que a da categoria “somente rural”. Isto corresponde a um aumento de 0,89 °C por século, a partir dos registos “mistos”, em comparação com 0,55°C, se forem considerados os registos apenas rurais. Ou seja, uma diferença de 38%.

Fonte: The Detection and Attribution of Northern Hemisphere Land Surface Warming (1850–2018) in Terms of Human and Natural Factors: Challenges of Inadequate Data (mdpi.com)

Para os autores, os dados revelam que, “enquanto a série “rural e urbana” implica um aquecimento quase contínuo de longo prazo, a série “somente rural” sugere um comportamento muito mais não linear.”

Concluem que a série “somente rural” sugere que as temperaturas têm oscilado entre períodos de arrefecimento e períodos de aquecimento desde, pelo menos, meados do século 19.

Críticas ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)

Para os autores, a conclusão do IPCC (agência criada pela ONU) de que a tendência de aquecimento global apenas pode ser explicada pela intervenção humana é precipitada.

Entre outros aspetos, argumentam que (1) não se sabe ao certo que percentagem das estimativas globais de temperatura são resultado de vieses relacionados com a urbanização e 2) existirem dúvidas sobre a fiabilidade da fórmula encontrada para calcular a contribuição solar na temperatura global.

Recomendações dos autores

Os investigadores apontam vários caminhos para se determinar as causas das mudanças climáticas desde o século 19. Entre eles:

  1. Melhorar a quantificação da contribuição do viés de urbanização para as estimativas atuais de temperatura global;
  2. Melhorar as técnicas de homogeneização de temperatura para minimizar a mistura urbana e corrigir com mais precisão outros vieses não climáticos;
  3. Estabelecer quais (se existirem), dos atuais conjuntos de dados da Irradiação Solar Total, os que são mais fiáveis;
  4. Consideração da possibilidade de que as estimativas atuais da contribuição antropogénica para as mudanças climáticas recentes possam ser muito altas;
  5. Estudar outros fatores de alteração climática natural, além das atividades solar e vulcânica.

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