Decidimos convidar todos os cabeça de lista às eleições europeias para uma entrevista. O motivo dessa decisão tem a ver fundamentalmente com (1) a necessidade de perguntar o que geralmente não é perguntado e (2) dar voz a todos os partidos legalmente constituídos.
Uma vez no Parlamento europeu, a primeira medida do Movimento Alternativa Socialista (MAS) seria “acabar com as mordomias e privilégios dos eurodeputados”. Para o líder e cabeça de lista do partido, o salário dos deputados na Europa é um “escândalo”, e “é um dever denunciá-lo”. Gil Garcia defende que o vencimento auferido, que é de 20 mil euros, deve ser reduzido em metade, bem como, eventualmente, os subsídios adicionais que os eurodeputados recebem, e que cobrem desde custos com deslocação à contratação de apoio técnico. E as verbas poupadas com este corte, adianta o candidato, deveriam ser canalizadas para apoios sociais.
Em segundo lugar na lista de prioridades do MAS está um nivelamento do salário mínimo nos 27 Estados-membros, que deveria ser de 1.300 euros mensais. Esta medida possibilitaria melhores condições de vida para muitas pessoas e “beneficiaria as classes trabalhadoras de 16 países europeus”, onde o salário mínimo se situa abaixo deste valor.
E as propostas para os trabalhadores não ficam por aqui. O partido defende também a redução dos horários de trabalho e a implementação da semana de quatro dias –segundo Gil Garcia, isto levaria à contratação de mais funcionários, o que, como consequência, engrossaria o número de pessoas a contribuir para a segurança social, melhorando a Economia.
Por outro lado, o partido insurge-se contra o escalar da guerra na Ucrânia, que diz ser “uma repetição do conflito da Segunda Guerra Mundial”, motivada por interesses económicos, e com os Estados Unidos e a China como principais atores.
Da mesma forma, Gil Garcia reitera que as verbas alocadas por Portugal para a Defesa, através da NATO, não devem ser aumentadas. E quanto ao envio de militares portugueses para a Ucrânia – uma ideia já avançada, por exemplo, pelo Almirante Gouveia e Melo –, ironiza que “os generais, normalmente, mandam todos para a guerra menos os filhos deles”.
Crítico dos lucros astronómicos das petrolíferas e a favor da transição energética, o cabeça de lista do MAS defende uma redução progressiva dos combustíveis fósseis. No entanto, embora aponte uma falta de interesse das “grandes empresas e dos governos” em acabar com o fóssil, recusa fundamentalismos e adverte para as desvantagens da agenda verde. “Não há soluções mágicas, obviamente que não se pode acabar com os combustíveis fósseis do pé para a mão, até porque os carros eléctricos também têm o grave problema das baterias e da exploração do lítio”, afirma.
Por fim, sobre o tema da imigração, Gil Garcia é igualmente taxativo. Diz que “não há invasão nenhuma de estrangeiros” e acusa a extrema-direita de “demagogia” quando utiliza este argumento, frisando que o “número de pessoas que estão a entrar ainda é menor do que as que estão a sair [do país]”. Lembra, também, o peso das contribuições dos imigrantes para a segurança social.
E o número de crimes praticados por estrangeiros em Portugal? “É verdadeiramente irrisório, não chega nem a 5%”, atira. Contudo, explica que não defende “uma política de portas abertas”, mas sim de “direitos iguais” para nativos e imigrantes, e culpabiliza o governo pela falta de inspetores para fiscalizar a sobrelotação habitacional pela comunidade estrangeira.
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