Fotografia retirada da página oficial de Calin Georgescu
Este sábado, dezenas de milhares de pessoas juntaram-se na capital da Roménia para protestar contra o Governo e manifestar o seu apoio ao candidato presidencial Calin Georgescu. Os manifestantes pediram uma segunda volta das presidenciais, depois de Georgescu ter vencido a primeira volta em Novembro, levando à anulação das eleições pelo Tribunal Constitucional por suspeitas de interferência estrangeira. No final do mês passado, o candidato, apelidado de “extrema-direita”, foi detido e levado para interrogatório no caminho para se alistar para as novas eleições, que estão marcadas para Maio. Ainda é uma incógnita se poderá recandidatar-se.
Dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se este sábado em Bucareste, capital da Roménia, num protesto contra o Governo e, em simultâneo, em apoio ao candidato presidencial Calin Georgescu. Apelidado pelos media mainstream de “extrema-direita”, Georgescu venceu a primeira volta das eleições presidenciais em 24 de Novembro passado – mas estas foram depois anuladas pelo Tribunal Constitucional devido a suspeições de uma interferência russa, que alegadamente explicaria a sua vitória.
Na semana passada, Calin Georgescu foi detido no trânsito e levado para interrogatório, quando estava a caminho de se registar para a nova primeira volta das presidenciais, que terá lugar no próximo dia 4 de Maio. Foi aberta uma investigação criminal contra o candidato, que é acusado de apoiar grupos com “características fascistas, racistas ou xenófobas”, “incitação a acções contra a ordem constitucional” e de providenciar falsas informações e declarações sobre o financiamento de campanha eleitoral.
Georgescu nega todas as acusações, mas de momento, ainda não se sabe se poderá sequer recandidatar-se.
O candidato presidencial compareceu à manifestação deste sábado, e disse aos seus apoiantes que “o sistema tentou maliciosamente dividir-nos” e que “velhos e novos companheiros tentaram bloquear a minha candidatura”.
Além de bandeiras, vários manifestantes empunhavam cartazes de apoio a Georgescu, e levavam gorros e cachecóis com as cores nacionais da bandeira nacional (azul, amarelo e vermelho).
Citados pela France24, muitos gritaram “Abaixo o Governo!” e “Ladrões”, e apelaram a uma segunda volta das eleições, depois de esta ter sido cancelada em Dezembro, apenas dois dias antes da data prevista.
Desde então, o clima de desconfiança em relação ao Governo romeno tem crescido. O líder da Aliança pela Unidade dos Romenos, George Simion, que organizou a manifestação, disse aos repórteres que o protesto visava “restaurar a democracia e as eleições livres”, e pediu a demissão do primeiro-ministro Marcel Ciolacu. “Não confiamos que as próximas eleições serão livres e justas”, afirmou.
Aos manifestantes, Simion disse: “Estamos unidos, somos fortes. Estamos aqui porque o nosso voto foi roubado. Porque a democracia foi atropelada.”
No dia anterior à manifestação, a coligação governamental liderada por Marcel Ciolacu havia sido alvo de uma votação para lhe ser retirada confiança no Parlamento, que, contudo, não alcançou maioria.
Longe de ter esmorecido o entusiasmo com Georgescu, a anulação das eleições tem provocado protestos frequentes e já terá duplicado o apoio popular ao candidato, que se assume ‘antiglobalista’, céptico da União Europeia, contra a NATO e desfavorável à ajuda à Ucrânia.
Recorde-se que, no passado dia 12, perante o descontentamento popular e a ameaça de uma destituição, o presidente Klaus Iohannis, que tinha defendido a anulação das eleições e que se manteve no cargo depois do final do seu mandato, apresentou a sua demissão.
Protestos noutros países da Europa
Embora por diferentes motivos, há outros países europeus que têm estado em ‘ebulição’ e sido palco de protestos. Durante o fim-de-semana, milhares de manifestantes protestaram contra a corrupção governamental, na Sérvia e na Grécia.
Junto do Parlamento grego, houve confrontos com a polícia e caixotes do lixo incendiados, além de cocktails molotov atirados. Considerado um dos maiores protestos do país em muitos anos, paralisou serviços públicos e negócios privados. O mote foi o segundo aniversário de uma tragédia de comboio que matou 57 pessoas, incluindo estudantes – algo que é visto por muitos como uma consequência directa da negligência do Governo grego.
Na Sérvia, um acidente numa estação de comboios que fez 15 mortos, em Novembro do ano passado, também provocou manifestações este fim-de-semana, mas a este motivo juntam-se outros: o descontentamento generalizado com a corrupção e um movimento de estudantes que tem organizado manifestações no país há quatro meses. Esta terça-feira, no Parlamento sérvio, aconteceu mesmo algo insólito: em apoio ao movimento estudantil, alguns deputados da oposição atiraram granadas de fumo e gás lacrimogéneo.
Segundo avançou a SIC, o incidente resultou no ferimento com gravidade de três pessoas, e uma deputada, Jasmina Obradovic, terá sofrido um Acidente Vascular Cerebral, encontrando-se em estado crítico.
Fontes
Romanian far-right supporters hold protest rally ahead of election re-run
Romanian far-right presidential hopeful Georgescu detained and indicted
Clashes erupt in Greece as hundreds of thousands protest deadly train crash | Reuters
Na Sérvia ainda não se fala em revolução, mas pode não faltar muito
Deputados da oposição atiram granadas de fumo no Parlamento da Sérvia – SIC Notícias