Sob o pretexto da redução da pegada de carbono nestes Jogos Olímpicos de 2024, o evento foi organizado de modo a ter comida vegetariana a dobrar, pouca carne, e ausência de ar condicionado nos quartos dos participantes. Os esforços para que estes Jogos fossem mais “verdes” foram aplaudidos pela Comissão Europeia e pelo Fórum Económico Mundial, mas muitos atletas estão manifestamente insatisfeitos. As queixas têm-se sucedido e há quem garanta que o descontentamento é geral.
Larvas na comida, pouca carne e proteínas no ‘menú’, ausência de ar condicionado nos quartos – têm ‘chovido’ críticas dos atletas às condições que encontraram nestes Jogos Olímpicos de 2024, que se pretendiam tão “verdes” quanto possível.
Alguns meses antes do início dos Jogos, a Comissão Europeia já elogiava a preocupação com a “sustentabilidade” assumida pelos organizadores do evento. A 18 de junho, lia-se no site oficial da Comissão von der Leyen que “os Jogos de Paris pretendem ser o primeiro evento desportivo internacional a atingir a neutralidade carbónica e a reduzir a sua pegada de carbono em 55% em comparação com os Jogos de Londres de 2012, alinhando-se com os princípios do Acordo Climático de Paris”.
O mesmo fez o Fórum Económico Mundial, que anunciou logo em março passado que a organização dos Jogos iria duplicar a quantidade de comida de base vegetal servida e cortar em metade o uso de plásticos descartáveis.
Contudo, os esforços por uns Jogos Olímpicos alegadamente com “baixas emissões” têm entrado em colisão com as necessidades – alimentares e não só – dos participantes na Aldeia Olímpica.
Queixas dos atletas
O nadador britânico Adam Peaty, que conseguiu uma medalha de prata nos 100 metros bruços, disse que os atletas encontraram “larvas no peixe”, e lamentou a falta de opções de carne e de proteínas suficientes.
“A narrativa da sustentabilidade acabou por ser um castigo para os atletas. Quero comer carne, preciso de carne para ter um bom desempenho e é isso que como em casa, por que razão devo mudar?”, questionou o atleta.
Além das críticas ao catering, que disse não ser “suficientemente bom para o nível que se espera dos atletas”, Peaty denunciou ainda as longas filas de espera para comer, que poderiam ir até aos 30 minutos.
Para o nadador português Diogo Ribeiro, a estreia no evento desportivo também se mostrou uma desilusão. Depois de ter terminado a sua participação nos Jogos, o atleta queixou-se de (quase) tudo: da alimentação, da distância entre o alojamento e o espaço das refeições, da humidade, das condições da piscina da La Défense Arena, e até do horário das provas. E garante que não foi o único insatisfeito com as condições na Aldeia Olímpica, frisando que “toda a gente” se queixou.
“Como todos sabemos, isto é um mundo pequeno aqui dentro, falamos todos entre nós. Ainda ontem (quinta-feira), o (Hugo) González, que também é campeão mundial nos 200 costas, estava a dizer que a piscina não tem as condições necessárias.”, afirmou.
Falta de ar condicionado

Para, supostamente, reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, os participantes nestes Jogos também não tiveram direito a quartos com ar condicionado – o que deu azo a algumas situações insólitas. Para suportar o calor, alguns atletas indianos tiveram mesmo de falar com a associação olímpica indiana e com a Embaixada Francesa para conseguir que lhes fossem entregues 40 dispositivos portáteis de ar condicionado, segundo noticiou o The Times of India.