O The Blind Spot foi alvo de comentĆ”rios insultuosos e gratuitos feitos por Pedro Abreu num artigo publicado no jornal Publico. Ā
Os insultos foram produzidos a propósito das suas crĆticas Ć tese de mestrado de GonƧalo Pessoa āĀ āA lideranƧa polĆtica durante a pandemia: a comparação entre Portugal e a SuĆ©ciaā, em que a minha opiniĆ£o pessoal foi uma das consultadas.
Para nós a liberdade de expressão é um direito essencial, mesmo que seja usada para fazer este tipo de insultos. Do mesmo modo, o direito de resposta e ao contraditório é uma das armas que as sociedades livres têm para combater discursos que visam apenas denegrir pessoas e justificar a censura, sem qualquer conteúdo ou fundamento.
Nesse sentido exercemos esse direito e, nos termos da lei, o jornal PUBLICO publicou a nossa resposta, que passo a citar.
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O The Blind Spot segue as melhores prĆ”ticas do jornalismo clĆ”ssico. Entre outras coisas: distinguimos factos de opiniĆ£o; referenciamos as fontes utilizadas; confirmamos as informaƧƵes; suportamo-nos na evidĆŖncia cientĆfica mais fiĆ”vel; consultamos peritos nacionais e internacionais credenciados; evitamos linguagem carregada ou insultuosa; estamos atentos a conflitos de interesse.
Paralelamente, nĆ£o temos qualquer financiamento privado ou estatal, nem qualquer tipo de afiliação polĆtica. Estamos livres para nos centrarmos no essencial: investigar o poder (pĆŗblico e privado), apresentar factos e informar a população.
NĆ£o podemos, por isso, deixar de responder a Pedro Abreu que neste artigo se referiu ao nosso jornal como um dos āperiódicos digitais de desinformação negacionistaā.
Ora, como referimos, as nossas notĆcias estĆ£o sustentadas em evidĆŖncias e factos, nĆ£o tendo a sua veracidade sido posta em causa em algum momento.
Por isso, apenas poderemos ādesinformarā se a sua definição de ādesinformaçãoā incluir informação verdadeira, ou āopiniƵes proibidasā, que contrariem algumas narrativas oficiais.
Mas se a acusação de ādesinformaçãoā pode ser usada apenas para colmatar alguma preguiƧa mental ou evitar o āmercado de ideiasā quando nĆ£o hĆ” argumentos, a associação ao ānegacionismoā Ć© bem mais grave. AtĆ© pelo facto de hoje ser evidente que muitos dos que foram insultados durante a crise covid tinham posiƧƵes legitimas, ou estavam, mesmo, totalmente certos.
Continuar a usar essa expressão nesta altura denuncia não apenas ignorância e crença cega no poder instalado, mas uma estratégia reiterada para promover o obscurantismo, acicatar ódios e dividir as pessoas.
Este tipo de artigos parece, aliĆ”s, retirado de algum romance distópico clĆ”ssico, tal Ć© o apelo Ć censura de dissidentes, o recurso a argumentos de autoridade, a evocação de (falsos) consensos, os insultos gratuitos āaos inimigos do povoā e a fĆ© religiosa ānas autoridadesā.
Tudo em defesa da āCiĆŖnciaā, da democracia e do āBem-comumā, claro.
Orwelliano, sem dĆŗvida.
Nuno Machado,
Diretor do The Blind Spot