No total, a mortalidade em 2020 foi superior à dos últimos 10 anos. Face à média dos últimos 5 anos, foram mais 12 539 pessoas este ano, a morte associada à Covid-19 responde por 55% deste excesso de mortes. À margem dos desses óbitos, existem mais 5 633 mortes por explicar em 2020.
Aumento das mortes fora dos hospitais
De acordo com dados divulgados pelo INE, que analisa o impacto da Covid em Portugal, este ano regista também um aumento do número de mortes fora dos hospitais. No período analisado – 2 de março a 27 de dezembro de 2020 – ocorreram mais 5 650 óbitos em estabelecimento hospitalar e 7 202 óbitos fora do contexto hospitalar, relativamente à média de óbitos em 2015-2019 em período idêntico. Isto significa que, neste período, 56,0% do acréscimo de óbitos ocorreu fora dos hospitais. A exceção vai para a semana 44 (26 de outubro a 1 de novembro), altura em que o maior acréscimo de óbitos se registou nos hospitais.
Esta é uma tendência que já se tinha verificado na primeira metade deste ano. O estudo “Impacto da pandemia na prestação de cuidados de Saúde em Portugal” da Ordem dos Médicos e a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), que analisou o nível do acesso a consultas, cirurgias, urgências, MCDTs e rastreios não realizados ou adiados durante o confinamento e no seguimento das demais políticas de segurança, alerta para o impacto da redução destes serviços na mortalidade.
Mais de 70% dos óbitos são de pessoas mais com mais de 75 anos
Face à média do período homólogo de 2015-2019, este ano morreram mais 10 886 pessoas com mais de 75 anos – 8 038 com 85 e mais anos. De acordo com o INE, 71,7% dos óbitos foram de pessoas com idades iguais ou superiores a 75 anos. Do total, 59,7% (42 506) foram de pessoas com 85 e mais anos.
Portugal na Europa
Nos primeiros dois meses de 2020, o número de óbitos foi, em geral, inferior aos valores médios observados nos últimos cinco anos. Contudo, o número de óbitos em 2020, a partir do início de março, mantém-se, regra geral, acima do limite superior deste intervalo de valores.
Comparativamente a outros países europeus, Portugal mostra-se por diversas vezes em contraciclo com a tendência europeia, com uma sobremortalidade superior/inferior à dos países europeus considerados. Esta diferença foi mais óbvia em julho, mês em que o nosso país registou uma mortalidade muito superior face à média europeia (43%), mas ao mesmo tempo com um número de mortes Covid muito baixo. Este excesso de mortalidade pode ser parcialmente explicado pela vaga de calor registada na altura.