Como resposta a esta pandemia, muitos países optaram por medidas extremas. O confinamento geral foi introduzido com a justificação de ser uma forma de diminuir a transmissão e, consequentemente, a mortalidade pela doença (diretamente ou pela rotura dos sistemas de saúde).
Esta medida não consta das orientações para o combate a epidemias, por exemplo, da OMS ou do CDC (EUA).
Os seus efeitos colaterais são significativos, podendo igualmente impactar no aumento da mortalidade (mesmo a curto-médio prazo).
Impõe-se uma análise da correlação que esse tipo de medidas tem com a mortalidade. Optámos pela mortalidade geral por vários motivos:
- Incluí todos os possíveis impactos- positivos e negativos;
- Há diferenças na deteção e classificação de “morte por Covid” entre países;
- Existem critérios muito particulares na atribuição de morte “por Covid”;
Incluímos igualmente a referência às estações do ano pelo impacto que geralmente têm na mortalidade associada a pandemias (apesar do Z-score já o ter incorporado).
Muitas análises têm sido feitas utilizando correlações limitadas no tempo ou casos isolados. Essas análises parcelares dão muitas vezes azo a “cherry picking”, ou seja, à escolha de informação parcial para confirmar uma dada perspetiva.
Mais do que tirar conclusões para cada país, apresentamos a observação de TODOS os países -incluídos no EuroMOMO– em termos de mortalidade, mediante as variáveis (confinamento obrigatório, confinamento recomendado, ausência de recomendações e sazonalidade).
Para que houvesse uma padronização e uma classificação independente das medidas utilizámos o Coronavirus Government Response Tracker da Universidade de Oxford (visualizações Our Word in Data).
Nota de cautela: Estamos a observar a correlação entre variáveis, confinamento e mortalidade (geral). No entanto, correlação não é forçosamente causalidade. Existem outros fatores que poderão interferir na mortalidade geral.
O gráfico de Portugal foi retificado devido a uma incorreção detetada nos dados retirados do Our World In Data.
*Texto escrito em colaboração com Eduardo Pinto Leite