As possíveis sequelas da Covid-19, genericamente denominadas por Long Covid, são dos temas mais populares e que mais receios levantam à população. No entanto, ainda não há muita informação sobre a prevalência destes problemas, os fatores de risco e uma eventual capacidade de previsão deste tipo de sintomas no início da doença.
Um estudo agora divulgado pela Nature analisou 4 182 casos Covid com sintomas a longo prazo – 558 (13,3%) participantes reportaram sintomas durante mais de 28 dias; 189 (4,5%) durante mais de 8 semanas e 95 (2,3%) durante mais de 12 semanas.
A presença destes sintomas (fadiga, dor de cabeça, perda total ou parcial do olfato, dispneia, entre outros) foi mais frequente à medida que a idade o índice de massa corporal aumenta, e no sexo feminino.
De acordo com a investigação, a existência de mais de cinco sintomas durante a primeira semana de doença foi associada à Covid de longa duração. Esta tendência foi semelhante nos três países incluídos no estudo (RU, EUA, Suécia), em ambos os sexos e em todos os grupos etários.
Tanto no limiar das quatro semanas como no das oito semanas, os doentes com sintomas prolongados de Covid “são consistentemente mais velhos, mais suscetíveis de serem do sexo feminino e de terem recorrido a serviços hospitalares.”
Os doentes com sintomas após 28 dias “tinham doenças multissistémicas desde o início, com maior necessidade de cuidados holísticos”. Embora a asma não tenha sido notificada como fator de risco de hospitalização em alguns estudos, “a sua associação com a Covid de longa duração (>28 dias) justifica uma investigação mais aprofundada”.
“A análise dos fatores fisiopatológicos subjacentes aos fatores de risco para a Covid de longa duração identificada aqui é um passo crítico.”
“Este método poderia ajudar a determinar grupos de risco e ser utilizado em ensaios de intervenção precoce para apoiar a reabilitação em cuidados primários e especializados, a fim de aliviar a Covid prolongada e facilitar a recuperação atempada.”
Limitações do estudo
O documento ressalva que:
“Apesar deste estudo fornecer informação sobre a apresentação clínica da Covid de longa duração, existem limitações e qualquer generalização deve ser cuidadosamente considerada.”
O estudo teve por base dados da COVID Symptom Study, uma aplicação móvel na qual as pessoas registavam informação diária sobre o seu estado de saúde e sintomas, bem como resultados de qualquer teste Covid-19. Combinou dados de três países: Reino Unido (88.2%), Estados Unidos (7.3%) e Suécia (4.5%)
Os utilizadores eram desproporcionadamente do sexo feminino, e os maiores de 70 anos de idade estavam sub-representados, “o que poderia aumentar ou diminuir a nossa estimativa da prevalência e duração da Covid longa duração”. Os dados têm por base testes PCR.
De facto, este estudo tem inúmeras limitações entre as quais ter uma amostra selecionada e não aleatória, não existir grupo de controlo (e/ ou de placebo) e a maioria dos sintomas reportados ser inespecífico da doença.
Estudos mais robustos são necessários, nomeadamente para se poder comparar com os efeitos a longo prazo de outras infeções respiratórias.
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