A saúde mental da população piorou significativamente durante a pandemia. De acordo com uma análise da OCDE, a partir de março de 2020, a prevalência de ansiedade e depressão aumentou, tendo duplicado na maior parte dos países.
“Durante o ano de 2020, os fatores de risco para uma saúde mental deficiente – insegurança financeira, desemprego, medo – aumentaram. Já os fatores de proteção – ligação social, emprego e envolvimento educativo, acesso ao exercício físico, rotina diária, acesso aos serviços de saúde – diminuíram.”
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Os períodos em que se observam taxas mais elevadas de perturbação mental estão associados aos picos de mortalidade Covid-19 e à implementação de medidas rigorosas de confinamento.
No Canadá, França, Nova Zelândia, Países Baixos, Reino Unido e Estados Unidos – os níveis de ansiedade e/ou depressão foram mais elevados entre meados de março e princípios de abril de 2020, antes de descerem por volta de junho-julho de 2020, para depois voltarem a subir a partir de setembro de 2020.
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Problemas económicos
O agravamento dos números “tem sido impulsionado tanto pela própria pandemia – as mortes associadas ao vírus, as medidas rigorosas de saúde pública – como pela crise económica que entretanto se desencadeou”.
Em todos os países, a saúde mental das pessoas desempregadas ou que vivem em situação de insegurança financeira era pior do que a da população em geral – uma tendência que antecede a pandemia, mas que parece ter acelerado em alguns casos.
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No Reino Unido, foi registada uma taxa de ansiedade permanentemente elevada durante 20 semanas, desde o início do primeiro lockdown. A população com um nível de educação mais baixa e rendimentos inferiores foi a mais afetada. Já nos Estados Unidos, um inquérito mostra que pessoas com um nível de instrução e rendimento do agregado familiar mais elevado reportaram declínios mais acentuados na satisfação de vida e um aumento superior dos sintomas depressivos, comparativamente às pessoas com rendimentos mais baixos.
Serviços de apoio sobrecarregados ou insuficientes
De acordo com o estudo, os serviços de apoio à saúde mental já se encontravam sobrecarregados antes de 2020, e o agravamento da saúde mental desde o início da pandemia obrigou a níveis de apoio sem precedentes.
“O apoio à saúde mental estava pouco integrado nas políticas de bem-estar social, laboral e jovem antes da crise. Para além das medidas de emergência, há uma necessidade urgente de produzir políticas mais fortes e mais integradas de apoio à saúde mental”, diz o documento.