Segundo um estudo da ONS, a prevalência de sintomas em indivíduos entre os 2 e os 16 anos de idade é muito semelhante entre infetados e o grupo de controlo (sem teste positivo).
Uma das conclusões principais é de que a prevalência de sintomas associados ao “long Covid” é significativa na população, mesmo na que não teve qualquer teste positivo para a Covid.
Tal facto pode indiciar que uma percentagem significativa de casos, considerados como “long Covid”, poderão afinal ter outras causas.
Os participantes foram questionados sobre se experimentaram algum de 12 sintomas nos últimos sete dias: febre, dor de cabeça, dor muscular, fraqueza/cansaço, náusea/vómitos, dor abdominal, diarreia, garganta inflamada, tosse, falta de ar, perda de sabor e perda de olfato.
No caso de crianças menores de 12 anos, foram os pais e os cuidadores que relataram os seus sintomas.
Resultados dos dois aos 11 anos
O grupo de infetados (teste PCR positivo), entre os dois e os 11 anos, que apresentou algum sintoma foi inferior ao grupo de controlo (sem qualquer teste positivo).
Tal ocorreu, quer entre as quatro e as oito semanas como entre as 12 e as 16.
Resultados dos 12 aos 16 anos
Já no grupo entre os 12 e os 16 anos, 4,6% tiveram algum tipo de sintomas entre as quatro e as oito semanas, versus 2,9% no grupo de controlo.
Nesse mesmo escalão, entre as 12 e as 16 semanas, 3% apresentaram algum sintoma, versos 1,3% no grupo de controlo.
Relato de qualquer dos 12 sintomas continuamente
Também foram analisados os relatos contínuos de sintomas (não necessariamente os mesmos), durante pelo menos cinco e 12 semanas após a infeção.
Passadas cinco semanas da infeção, foram relatados em 3,8% dos casos “sintomas contínuos” no primeiro escalão etário e 4,8% no segundo. No grupo de controlo, estes relatos ocorreram em 2,1% e 1,1% dos pacientes respetivamente.
Passadas 12 semanas da infeção, apenas 0,7% (2-11 anos) e 1,2% (12-16 anos) relatavam sintomas de forma contínua.
Enquadramento
O termo “long-Covid” não está totalmente estandardizado, mas tem sido usado para representar “a persistência dos sintomas naqueles que recuperaram da infeção SARS-CoV-2”.
Muitos estudos têm sido apresentados usando metodologias distintas e diferentes sintomas como indicadores da condição. Alguns sugerem prevalências elevadíssimas passados muitos meses da infeção.
As crianças não ficaram de fora dessa onda de preocupação, nomeadamente devido a relatos alarmistas na comunicação social.
Este estudo distingue-se de muitos outros pela existência de grupo de controlo. Esse facto é importante já que muitos dos sintomas associados são frequentes na população em geral e podem, por isso, ser indevidamente associados à Covid-19.