Neste momento, muitos milhares de pessoas são colocados em quarentena após contacto com presumíveis infetados, ou em isolamento, após teste positivo. Apesar disso, alguns laboratórios, comparticipados pelo Estado, que realizam testes para confirmação de diagnóstico não promovem o isolamento dos possíveis infetados, mesmo quando têm sintomas.
Após testar positivo à Covid-19, através de um teste rápido de diagnóstico ou de antigénio, é aconselhado a seguir as seguintes recomendações: entrar em contacto com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) para reportar a sua situação e ficar em isolamento profilático.
Em seguida, é registada a sua informação no portal do SNS e dadas mais algumas indicações, mediante a sua situação, com sintomas ou sem sintomas.
Mas, nestas circunstâncias, todos são informados que devem fazer um teste PCR em laboratório, que num contexto clínico e epidemiológico, confirma se há ou não, no momento da realização do teste, infeção pelo SARS- CoV-2.
E, é de imediato informado que deve manter-se em isolamento profilático, como uma medida de afastamento social essencial para proteger a restante população da transmissão entre pessoas.
Por sua vez, nesta mesma chamada, é-lhe transmitida a informação de que receberá uma mensagem com os códigos para realizar o teste PCR, num dos laboratórios comparticipados pelo SNS e, consequentemente, seguir todas as indicações dos serviços para evitar o contacto com outras pessoas.
Relatos de falta de distanciamento social
Em conversa com o The Blind Spot, várias pessoas relataram que não ficaram isoladas ou separadas quando se deslocaram ao laboratório para realizar o teste PCR.
Antes de se dirigirem ao local, as testemunhas relataram que entraram em contacto com o laboratório para marcar o teste e algumas questionaram sobre as medidas que deveriam tomar ao chegar ao lugar.
O The Blind Spot contactou alguns laboratórios, na posição de uma pessoa infetada, com teste rápido positivo e em isolamento profilático e questionou se poderia deslocar-se ao local e aguardar na sala comum.
Alguns disseram que sim e até acrescentaram que era a única entrada que tinham. Porém, outros deixaram em aberto a possibilidade de fazer o teste em Drive Thru ou através de uma marcação.
Relatos de duas chamadas feitas para o laboratório Joaquim Chaves e Cintramédica
Uma das nossas fontes refere que relatou os seus sintomas e que havia testado positivo através de um teste rápido e questionou se deveria entrar por alguma porta em específico, ou aguardar lá fora.
Em resposta à sua questão, a assistente afirmou que não havia necessidade, podia apenas deslocar-se ao laboratório e aguardar pela sua vez.
E, assim aconteceu. Ao chegar ao lugar, aguardou na mesma sala que os outros utentes. Sala esta que relata como um lugar sem janelas e pequena.
Depois de testar, voltou para casa ao isolamento e aguardou pelo resultado, que se manteve positivo.
Outros relatos, afirmam que a situação foi semelhante, porém também existiram pessoas que aguardaram numa fila no exterior do laboratório, com outros indivíduos que lá estavam com o mesmo propósito.
Laboratórios comparticipados permitem quebra de isolamento profilático
Sendo a variante Ómicron, aparentemente a mais transmissível até ao momento, e considerando todas as medidas de isolamento a que se está a sujeitar a população, a prevenção de contágios não deveria ser mais controlada?
Será que estes indivíduos em isolamento profilático, muitos na fase com sintomas, ao estarem em salas comuns fechadas com outras pessoas, não promovem o risco de transmissão da doença?
O The Blind Spot sabe que alguns laboratórios comparticipados pelo SNS não isolaram os utentes que previamente tinham testado positivo à Covid-19, nomeadamente, o Joaquim Chaves Saúde (Sacavém), Análises Clínicas | LEB – Laboratórios Elisabeth Barreto (Benavente), Cintramédica (Sintra) e Germano Sousa (Amadora e Porto).
Salientamos que os laboratórios, ao terem os códigos do SNS, têm conhecimento, mesmo que a pessoa não indique, que esta testou positivo ou esteve em contato com alguém supostamente infetado.