Foi acionada, pela primeira vez pelo governo canadiano, a lei do estado de emergência em resposta aos protestos dos cidadãos canadianos.
O primeiro-ministro Justin Trudeau revelou que está a invocar a lei do estado de emergência pela primeira vez para dar ao Governo Federal poder temporário para lidar com os bloqueios e protestos contra as restrições da pandemia.
“Já não é um protesto legal. É agora uma ocupação ilegal. Está na altura das pessoas irem para casa”, disse Trudeau numa conferência de imprensa esta segunda-feira.
“Isto é sobre manter os canadianos seguros, proteger o trabalho das pessoas e restaurar a confiança nas nossas instituições”, finalizou.
Recorde-se que na primeira semana de fevereiro acentuaram-se as manifestações dos camionistas contra as medidas sanitárias da Covid-19, sendo o movimento “Freedom Convoy” a grande força desta manifestação que teve o seu pico em Otava e que rapidamente se alastrou a outras grandes cidades no Canadá.
Implicações Financeiras – Governo passa a poder interromper serviços financeiros
Os organizadores do movimento “Freedom Convoy” angariaram milhões de dólares, inicialmente pelo site GoFundMe mas, quando este encerrou a campanha de angariação de fundos, recorreram ao GiveSendGo.
Chrystia Freeland, Ministra das Finanças do Canadá, disse que sob o estado de emergência as plataformas de angariação de fundos e os seus contribuintes têm que se registar no Centro de Análise de Transações e Relatórios Financeiros do Canadá (FINTRAC), a agência nacional de inteligência financeira.
“Nós estamos a fazer estas mudanças porque eu sei que estas plataformas estão a ser usadas para ajudar os bloqueios e a atividade ilegal que está a danificar a economia Canadiana”, revelou Chrystia Freeland.
Assim sendo, as instituições financeiras do Canadá podem agora, temporariamente, interromper serviços financeiros se suspeitarem que uma conta está a ser usada para ajudar os bloqueios e as ocupações ilegais.
Medidas ainda sujeitas à Carta dos Direitos
O estado de emergência define uma emergência nacional como uma situação temporária urgente e crítica que põe em risco a vida, saúde e segurança dos canadianos. No entanto, está ainda sujeito às proteções da Carta dos Direitos e Liberdade.
“Ocupar as ruas, assediar pessoas, quebrar a lei. Isto não é um protesto pacífico”, destacou Trudeau.
A líder conservadora interina, Candice Bergen, acusou Trudeau de dividir os canadianos.
“Vemos o primeiro-ministro a estigmatizar e dividir os canadianos com o que ele não concorda e, ao fazer isso, só cria mais barreiras para a resolução do problema”.
Pierre Poilievre, membro do partido conservador, disse que a única maneira de acabar com o protesto e os bloqueios ilegais é remover os mandatos.
“É muito simples. Ouçam a ciência, façam o que as outras províncias e países estão a fazer, que é acabar com os mandatos e as restrições para que os protestantes possam voltar às suas vidas e aos seus trabalhos. A única emergência é a que Justin Trudeau criou deliberadamente para dividir o país e ganhar politicamente”, declarou Poilievre.
O que é o Freedom Convoy?
Um movimento que visava inicialmente protestar contra a decisão das autoridades em relação a exigirem, desde meados de janeiro, que os camionistas fossem vacinados de modo a conseguirem atravessar a fronteira entre o Canadá e os Estados Unidos.
Neste protesto, milhares de camionistas dirigiram-se para a capital e através do barulho das buzinas dos camiões mostraram o seu descontentamento com as decisões governamentais.
Do outro lado, na fronteira entre os Estados Unidos e o Canadá, camionistas, agricultores e cowboys bloquearam o tráfego em forma de protesto.
No entanto, subitamente tornou-se num movimento contra as medidas sanitárias em geral.
Quando os protestos se prolongaram mais de uma semana, na cidade de Otava, o presidente da Câmara, Jim Watson, declarou o estado de emergência.
Jim Watson descreveu o movimento dos camionistas que protestam ostensivamente contra os duros mandatos Covid do Canadá – como “fora de controlo”.
Os camionistas deixam claro que esta é uma batalha sobre o descontentamento da classe trabalhadora e contra o autoritarismo Covid.