Uma meta-análise de quatro estudos de Coorte de quatro países nórdicos (23,1 milhões de residentes) foi recentemente publicada e apresentou dados relevantes sobre a vacinação contra Covid-19. No escalão entre os 16 e 24 anos, os vacinados com duas doses de diferentes vacinas mRNA (Pfizer e Moderna) ou os homens vacinados com duas doses da mesma vacina apresentam uma incidência (dentro de 28 dias) de miocardite superior aos infetados (teste positivo).
Este estudo, publicado na Jama Cardiology, concluí que a frequência de miocardite após vacinação com vacinas diferentes é 20 vezes superior nos jovens do sexo masculino, entre os 16 e os 24 anos, e 10 vezes superior nas jovens do mesmo escalão.
Incidência de miocardite em jovens após teste positivo
* Embora tal possa não ser rigoroso, para simplificação de linguagem vamos chamar genericamente de “infetados” quem teve teste positivo (suspeita de infeção).
Como podemos aferir dos quadros em baixo, a miocardite após infeção é residual dos 12 aos 15 anos e apresenta uma incidência de 0,37 nas raparigas e 1,37 nos rapazes entre os 16 e os 24 anos, por 100.000 indivíduos com teste positivo.
Conteúdo suplementar- eTable 7.
Miocardites após duas doses de vacinas diferentes
Comparando com a incidência após infeção, concluímos que a frequência de miocardite após vacinação dupla, com diferentes vacinas mRNA, é cerca de 20 vezes superior no escalão “16-24” anos do sexo masculino.
Nas jovens dessa idade a frequência é 10 vezes superior.
Miocardites após duas doses de vacinas semelhantes
Quando as vacinas são da mesma empresa, para os rapazes a incidência foi quatro vezes superior com as vacinas Pfizer e 13,5 vezes maior para as da Moderna, em relação à incidência após teste positivo para SARS-CoV-2.
Nas jovens a incidência é semelhante, quando a vacinação foi apenas feita com a Pfizer. Não temos dados de dupla vacinação com Moderna neste escalão feminino.
Conteúdo suplementar- eTable 5.
A incidência de miocardite neste escalão, após apenas uma dose de vacina, é semelhante (dentro das margens de erro) da incidência após infeção (teste positivo). No caso feminino, também aqui não existem dados para a vacina da Moderna.
Ambas as incidências, de vacinação ou de infeção, são calculadas após 28 dias,
Limitações
O estudo tem como força uma amostra muito alargada e baseia-se nos dados oficiais.
Contudo há limitações. Considera-se para este estudo um evento de miocardite ou pericardite todas as admissões em hospital que resultam de diagnóstico de miocardite.
Este artigo foi feito em coautoria com Rui Lima.