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350 mil casos devido aos Santos Populares: a previsão foi divulgada por 50 órgãos de comunicação, o seu total falhanço por nenhum

Uma previsão do Instituto Superior Técnico, que apontava para um mínimo de 350 mil contágios diretos, foi noticiada em 50 órgãos de comunicação, incluindo todos os grandes media. No entanto, em vez de os casos aumentarem, como previsto, caíram de forma acentuada. O falhanço das previsões não mereceu qualquer referência por parte de quem as divulgou. 

Uma notícia divulgada pela Lusa, reportava que as “Festas populares podem resultar em 350 mil contágios diretos”. A agência de notícias suportou a sua comunicação numa análise de risco elaborada pelo grupo de trabalho do Instituto Superior Técnico (IST) que acompanha a evolução da Covid-19 em Portugal. Apesar dos autores virem de áreas distintas da epidemiologia, como da matemática e da engenharia, são apelidados de peritos pela agência Lusa

Na notícia lê-se que, só nas Festas Populares, poder-se-iam atingir, no mínimo, 350 mil contágios diretos. Para outros eventos, é antecipado que o número de contágios “produzidos sem máscara, com os níveis atuais de suscetíveis de infeção, em eventos como o Rock in Rio seja de 40 mil no total”.

Nenhum link para o estudo original é apresentado, limitando-se a Lusa a referir que teve acesso ao documento. Assim, entramos em contacto com o IST que nos disponibilizou o relatório.

Propagação da notícia

A notícia foi divulgada em, pelo menos, 50 órgãos de comunicação social, incluindo todos os grandes media. 

Uma imagem com texto

Descrição gerada automaticamente

Além destes, a notícia foi ainda apresentada noutros media como: a  CNN Portugal, o Porto Canal, o Sábado, o eco, o Jornal Económico, o Sapo, o Record, o Notícias ao Minuto, entre muitos outros.

Previsões totalmente falhadas 

Ao contrário do previsto, os casos não só não subiram de forma acentuada, como desceram a pique. Desde dia 8, altura da difusão generalizada da previsão, os casos foram decrescendo e acentuando a sua queda até aos dias de hoje.

Fonte: Portugal COVID – Coronavirus Statistics – Worldometer (worldometers.info)

De notar que já existia alguma tendência de queda antes mesmo da maioria das festas de Santos populares e de outros grandes eventos começarem. No entanto, é precisamente na altura em que o número de casos deveria disparar, devido aos supostos contágios diretos e aos indiretos que daí decorreriam, que a queda mais se acentua.

Reflexo na mortalidade Covid

Os peritos do IST, citados pela Lusa,  levantam algumas dúvidas quanto à fiabilidade dos números oficiais de novos casos e apontam para a mortalidade Covid como a forma mais eficaz de monotorização.

“Atualmente, com o défice de informação oficial, apenas a análise da mortalidade diária permitirá confirmar, nos próximos dias, a efetiva monitorização atual dos novos casos.”

Acontece que a mortalidade Covid tem uma queda ainda mais acentuada na altura em que se deveriam sentir os efeitos das Festas Populares e de outros eventos.

Fonte: Portugal COVID – Coronavirus Statistics – Worldometer (worldometers.info)

Aliás, segundo a Lusa, o relatório refere que a mortalidade apresentava uma “tendência ainda de subida, prevendo-se o pico para depois do dia 15 de junho e até final do mês”, salientando que a previsão poderia “falhar, por defeito, se os contágios devido às Festas Populares forem descontrolados ou se surgirem novas variantes”.

Ora, não só o pico de mortalidade (média semanal) aconteceu antes de dia 15 (no dia 8 de junho) como a mortalidade média diária caiu de 43 (nesse pico) para 17 (dia 17 de julho).

Comunicação social ignora o falhanço da previsão

Dada a credibilidade que é dada a estes académicos, considerados “peritos” pelos grandes media, e sendo eles fonte constante de recomendações à população, seria de supor darem alguma atenção ao falhanço total das suas previsões. 

Contudo, após o enorme destaque dado à previsão, nada foi publicado sobre o seu rotundo falhanço.

Historial

A generalidade das previsões baseadas em modelos matemáticos têm falhado, na maioria dos casos de forma monumental.

Ainda assim, os seus responsáveis foram e continuam a ser chamados como fonte de informação credível, não só para analisar a situação como para dar conselhos à população.

Em geral, tendem a valorizar formas de intervenção com evidência de muito baixa qualidade, como as máscaras, os confinamentos ou o distanciamento ao ar livre. Por outro lado, tendem a desprezar fatores como a imunidade adquirida ou a sazonalidade.

Além disso, quase todos desconsideram, quer a nível dos seus modelos quer em termos de aconselhamento público, possíveis efeitos colaterais negativos dessas medidas, como aumento de mortalidade por outras causas.

O facto de falharem, quase sempre, enquanto previsões testáveis, deveria colocar imediatamente em causa a teoria e os pressupostos que a suportam.  No entanto, pelo contrário, são usados como “prova” da grande eficácia de algumas intervenções, quando não é possível testar a teoria. Ou seja, os pressupostos que se mostram completamente errados, são usados como base para justificar a eficácia das intervenções que os autores destes modelos normalmente defendem.

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