Apesar da única previsão passível de ser escrutinada ter falhado e dos números Covid terem caído substancialmente, a equipa do Instituto Superior Técnico (IST) afirma que devido à ausência de máscaras e de testagem, ocorreram 340 mil contágios nas Festas Populares e nos festivais de música realizados em junho. Além disso, atribuem ao levantamento de restrições e às festividades a responsabilidade pela morte de 790 pessoas.
O grupo de trabalho do IST, que acompanha a evolução da Covid-19, divulgou o seu novo relatório à Lusa. Neste relatório são estimados 340 mil novos casos de Covid-19 devido à ausência de máscaras e de testagem nas festas populares e nos festivais de música.
Além disso, os peritos responsabilizam o levantamento das restrições e as festividades pela morte de 790 pessoas, 330 das quais associadas às festas populares de junho.
Queda a pique da mortalidade
Após a sua previsão de 350 mil novos contágios diretos devido às Festas Populares, divulgada a 8 de junho, a mortalidade média semanal baixou de 42 (7 de junho) para 9 (31 de julho).
Esse relatório apontava uma “tendência ainda de subida, prevendo-se o pico para depois do dia 15 e até final do mês” e ainda sugeria que a previsão poderia “falhar, por defeito, se os contágios devido às Festas Populares forem descontrolados ou se surgirem novas variantes”.
Acontece que o pico se verificou logo a 10 de junho (mesmo considerando a média semanal) e a mortalidade Covid caiu de forma acentuada na altura em que se deveriam sentir os efeitos das Festas Populares e de outros eventos.
Também os casos caíram de forma acentuada (mais de 80% em sete semanas) não se vislumbrando o efeito “de cascata” que os peritos sugeriram a 8 de junho.
“O efeito aqui é mais lento e menor do que o efeito das medidas gerais, pois afeta diretamente população mais jovem, mas leva a contágios em cascata que acabam por vitimar os mais suscetíveis a doença grave”
Enviámos inúmeras questões aos responsáveis acerca da metodologia seguida, previsões efetuadas (que possam ser comparadas com dados reais) e as bases científicas que utilizam. Até ao momento, não obtivemos resposta.