Fauci assegurou ao público, mesmo antes da autorização para uso de emergência, que o processo acelerado de desenvolvimento das vacinas mRNA não comprometeu a sua segurança. No entanto, esses dados iniciais têm sido sujeitos a um maior escrutínio e vários efeitos não detetados nos ensaios clínicos, foram, entretanto, identificados.
Em novembro de 2020, Fauci garantiu aos norte-americanos e ao mundo em geral, que as duas vacinas que utilizam tecnologia mRNA – Pfizer/BioNTech e Moderna- eram seguras e eficazes.
“O processo da velocidade não comprometeu, de forma alguma, a segurança nem comprometeu a integridade científica. Foram o reflexo dos avanços científicos extraordinários neste tipo de vacinas que permitiram fazer coisas em meses que realmente demoravam anos antes.”
Historial Fauci sobre segurança de vacinas
Estas declarações parecem contradizer o que afirmava, em 1999, sobre a possível vacina contra a SIDA. Na altura, afirmava que, já depois de se terem passado muitos anos de administração da vacina, se poderiam descobrir efeitos indesejados graves.
“Se se tomar e passar um ano e toda a gente estiver bem, e depois tu dizes: Ok, isso é bom. E depois vamos dar a 500 pessoas. E passa um ano e toda a gente está bem. E depois vais dar milhares de pessoas e descobres que são necessários 12 anos para “todo o inferno se soltar” e o que é que fizeste?”
Omissão dos dados da mortalidade geral
Também os dados relativos à mortalidade geral (independentemente da causa) foi omitido por Fauci. Numa análise posterior às vacinas mRNA (Pfizer/BioNTech e Moderna) conclui-se, a partir dos dados dos próprios ensaios clínicos, que a mortalidade geral não era inferior no grupo dos vacinados.
Numa atualização da própria FDA foram acrescentadas mortes aos ensaios clínicos da Pfizer, aumentando a diferença de mortalidade geral em desfavor do grupo dos vacinados.
“Da dose 1 até à data de corte de dados (final do ensaio) de 13 de março de 2021, houve um total de 38 mortes, 21 no grupo Cominarty (Pfizer/BioNTech) e 17 no grupo placebo. Nenhuma das mortes foi considerada relacionada com a vacinação.”
Efeitos adversos não detetados nos ensaios clínicos
Entretanto, vários efeitos adversos não detetados nos ensaios clínicos das vacinas mRNA foram comprovados.
Entre eles, assumem particular destaque as miocardites (e as pericardites) [1] [2] [3] [4] [6] [7] [8] [9] [10] [11] [12] [13] [14] [15] [16] embora existam outros [17] [18] [19].
Denúncias sobre práticas fraudulentas nos ensaios clínicos
Os ensaios clínicos foram alvo de denúncias de más práticas que vieram de dentro da própria empresa de investigação contratada para ajudar a realizar o ensaio da vacina de Covid-19 da Pfizer.
Para os investigadores, que apresentaram o caso à BMJ, a empresa falsificou dados, desvendou aos pacientes em que grupo se encontravam (“vacina” ou “controlo/placebo”), empregou vacinadores inadequadamente treinados e foi lento a acompanhar os efeitos adversos (no ensaio de fase 3).
Comentários sobre efeitos adversos
Em geral, Fauci não costuma comentar diretamente estudos sobre possíveis efeitos adversos, preferindo salientar a segurança das vacinas ou assegurar que os benefícios superam os riscos em qualquer circunstância. No entanto, recentemente, em julho de 2022, quando confrontado com um estudo que teve divulgação nos grandes media e associou um grande aumento de alterações menstruais à vacina, admitiu que “precisamos estudar isso mais.”
Ler também:
Certezas e contradições de Fauci sobre a eficácia das vacinas mRNA
Referências bibliográficas
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