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Certezas e contradições de Fauci sobre a eficácia das vacinas mRNA

Anthony Fauci foi, durante a pandemia, apelidado pelos media de “perito de topo em doenças infetocontagiosas” e tornou-se, também por isso, referência e fonte para a maioria das pessoas. Relembramos a evolução das suas declarações sobre a eficácia das vacinas mRNA.

Em novembro de 2020, Fauci, dava ao mundo as boas notícias do aparecimento de duas vacinas seguras e eficazes contra a Covid-19. Apesar do tempo recorde de desenvolvimento e até de um historial preocupante, de uma das empresas envolvidas, Fauci dava como seguro todos os dados fornecidos. Entre eles, uma eficácia contra doença sintomática que não ficava longe dos 100%.

“(…) É extraordinariamente impressionante. Duas das vacinas, uma pela Moderna e uma pela companhia Pfizer completaram os ensaios (fase 3) e o ponto de eficácia da vacina é extraordinário. No diz respeito à Pfizer, foi 95% eficaz, não apenas contra doença reconhecida clinicamente, mas doença severa. (…) No ensaio da Moderna, foi 94,5% eficaz. (…).”

O facto de Fauci ter dado como certos os dados apresentados pelas farmacêuticas, levou a que muitos, nos Estados Unidos e não só, acreditassem que a eficácia contra a doença sintomática fosse de quase 100%.

Omissão da eficácia absoluta contra a infeção

No entanto, Fauci apenas revelou a eficácia relativa, sendo que a eficácia absoluta que se podia depreender desses mesmos ensaios clínicos era de 0,7% (Pfizer) e 1,1% (Moderna). O número de pessoas que tinham de tomar a vacina para prevenir uma infeção sintomática segundo os dados fornecidos pelas empresas eram de 142 (Pfizer) e 88 (Moderna). 

Fonte: Outcome Reporting Bias in COVID-19 mRNA Vaccine Clinical Trials- School of Public Health and Health Systems, University of Waterloo

Curiosamente, a transmissão de dados que não incluam os riscos relativos violam as próprias diretrizes da FDA para a comunicação ao público dos riscos e benefícios baseados em evidências.

“Além disso, quando a informação é apresentada em formato de risco relativo, a redução de risco parece maior e os tratamentos são vistos de forma mais favorável do que quando a mesma informação é apresentada usando um formato de risco absoluto. Isto é tão verdadeiro para o público leigo como para os estudantes de medicina.” (pág. 56)

Por isso, a FDA recomenda:

“Fornecer riscos absolutos, e não apenas riscos relativos. Os pacientes são indevidamente influenciados quando a informação sobre riscos é apresentada utilizando uma abordagem de risco relativo; isto pode resultar em decisões limitadas. Assim, deve ser utilizado um formato de risco absoluto.”(pág. 59)

Dados reais da eficácia da vacina

Durante muito tempo, Fauci continuou a referir que a vacina era muito eficaz contra a infeção e a transmissão.

A título de exemplo, Fauci afirma, em maio de 2021, que os indivíduos totalmente vacinados se tornavam “becos sem saída” para a COVID-19, impedindo deste modo que o vírus se espalhe dentro das suas comunidades.

“Portanto, apesar de existirem infeções “penetrantes” em pessoas vacinadas, quase sempre as pessoas são assintomáticas e o nível de vírus é tão baixo que torna extremamente improvável – não é impossível, mas muito, muito baixa probabilidade – que eles vão transmiti-lo.”

“Quando somos vacinados, não só protegemos a nossa própria saúde e a da família, mas também contribuímos para a saúde da comunidade, prevenindo a propagação do vírus em toda a comunidade.”

No entanto, os dados garantidos pelas farmacêuticas e avalizadas por Fauci sobre a eficácia contra infeção sintomática rapidamente pareceram ser postos em causa.

Israel, que foi pioneiro da vacinação em massa, teve, alguns meses depois dessa campanha, o maior pico de infeções de toda a pandemia.

No início de 2022, já com grande parte da população com dose de reforço, bateu largamente esse registo (aquando da chegada de variantes mais transmissíveis).

Esse fenómeno passou-se depois em muitos outros países.

Mudança repentina

Fauci, apenas três meses depois das declarações em que considerava os vacinados como “becos sem saída” para a COVID-19, reavalia a sua posição em relação aos vacinados que ficam infetados. Justifica o facto com a nova variante Delta.

“(…) é que quando olhamos para o nível de vírus na nasofaringe de pessoas que são vacinadas, que têm infeção, é realmente muito alto e equivalente ao nível de vírus na nasofaringe de pessoas não vacinadas que são infetadas.”

“Sabemos agora que as pessoas vacinadas que têm infeção podem espalhar o vírus a outras pessoas.”

Apenas em julho de 2022, já muito depois de inúmeros outros especialistas o terem feito, Fauci reconheceu que as “vacinas já não protegem excessivamente bem contra a infeção”.

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