Apesar da crença generalizada nos malefícios muito significativos do consumo de carne vermelha, a investigação de qualidade não tem dado grande suporte a essa ideia. Nesta revisão sistemática da revista Nature foram encontradas evidências fracas, ou nulas, da associação entre o consumo de carnes vermelhas não processadas e várias doenças.
Uma revisão sistemática publicada na revista Nature avaliou a relação entre o consumo de carne vermelha não processada e seis potenciais resultados de saúde. Dos 3.286 registos detetados sobre o tema, 55 estudos cumpriram os critérios de inclusão (PRISMA 2020).
Foram encontradas evidências fracas de associação entre o consumo de carne vermelha não processada e o cancro colorretal, o cancro da mama, diabetes tipo 2 e doenças cardíacas isquémicas.
Por outro lado, não foi encontrada qualquer associação entre esse consumo e o derrame isquémico ou o derrame hemorrágico (acidentes vasculares cerebrais).
Limitações da revisão
Apesar de se tratar de um estudo de topo da pirâmide de evidência e de ter inúmeros pontos fortes, os investigadores reconhecem importantes limitações. Entre elas, estão a elevada heterogeneidade dos estudos incluídos e o facto de não terem sido identificados RCTs (ensaios controlados randomizados) entre adultos.
De facto, apenas foram incluídos estudos observacionais e por isso não se podem retirar relações de causalidade, mesmo das escassas associações encontradas.
Considerando a evidência anterior e os resultados deste estudo, os autores concluem:
“É necessária uma investigação mais rigorosa e robusta para compreender melhor e quantificar a relação entre o consumo de carne vermelha não processada e doenças crónicas.”