Joana Amaral Dias durante o painel sobre Saúde Mental na Era da Desinformação e Propaganda. Foto de Francisco Figueiredo
Os interesses da indústria farmacêutica e a sobreposição da política à medicina foram as principais questões debatidas num congresso internacional que terminou este domingo, em Fátima. Segundo a organização, pretendeu-se dar espaço ao contraditório ao reunir cerca de 60 médicos, cientistas, psicólogos, gestores de saúde e advogados para debaterem a pandemia covid-19 com análises e opiniões diferentes sobre a sua gestão.
Durante os três dias do Congresso Internacional de Gestão de Pandemias/Saúde, que decorreu entre 28 e 30 de outubro, foram feitas diversas análises e apresentados vários estudos sobre temas relacionados com a pandemia covid-19, desde a origem do vírus SARS-CoV-2 até aos efeitos a longo prazo da gestão pandémica.
A fiabilidade dos testes PCR, a eficácia das vacinas e das máscaras, o impacto dos confinamentos, as reações adversas a medicamentos e o excesso de mortalidade geral foram alguns dos temas científicos apresentados perante um auditório com mais de 200 pessoas em cada dia. O congresso foi igualmente transmitido em direto em várias redes sociais.
Algumas personalidades com relevo na vida pública internacional apresentaram a sua leitura sobre a gestão da pandemia. Foi o caso de Fernando Nobre, presidente da AMI (Assistência Médica Internacional), Christian Perrone, um dos principais conselheiros no campo da saúde pública francesa, Rui Fonseca e Castro, ex-juiz e conhecido ativista relativamente à pandemia, Joana Amaral Dias, psicóloga, ex-deputada e comentadora televisiva, José Manuel Silva, ex-bastonário da Ordem dos Médicos, e Michael Levitt, Prémio Nobel da Química, entre outros.
Os congressistas vieram de França, Espanha, Reino Unido, Bélgica, Estados Unidos, Alemanha e Portugal.
Saúde e política
A discussão mais acesa ocorreu durante o painel que abordou o “estado do SNS” (Serviço Nacional de Saúde). Os oito palestrantes apresentaram diferentes perspectivas sobre as qualidades e defeitos do SNS, as influências políticas, o papel das empresas de saúde privadas e o investimento em profissionais de saúde. Na sessão aberta ao público para colocar questões, pretendeu-se apurar as responsabilidades dos médicos naquilo que consideraram ser uma gestão danosa da pandemia.
A influência da Organização Mundial de Saúde (OMS) nas decisões dos governos, o consentimento informado e a ética em questões de saúde, a propaganda e a censura foram outros dos temas abordados relacionados com as questões legais.
Os congressistas apresentaram igualmente resultados sobre o uso de terapias alternativas e os perigos de alguns medicamentos utilizados para o combate ao vírus SARS-CoV-2, como também o impacto na saúde mental decorrente das restrições e confinamentos.
O realizador norte-americano James Patrick apresentou trailers de três filmes realizados por si sobre a pandemia: “Planet Lockdown”, em português, “Confinamento do Planeta”; “Where Is My Period?”, sobre os distúrbios menstruais após a administração das vacinas covid-19; e “What happened at school?”, que aborda os impactos das máscaras e das restrições nas crianças em idade escolar.
Na sessão de encerramento do congresso, a presidente da comissão organizadora, Marta Gameiro, disse que pretendeu-se fazer um resumo de dois anos e meio da gestão da pandemia, analisar responsabilidades e tirar ensinamentos para o futuro.
A organização do congresso irá apresentar brevemente as suas conclusões. O The Blind Spot está a preparar uma reportagem mais alargada sobre o evento.
Artigos relacionados:
Congresso sobre gestão de pandemias pretende dar espaço ao contraditório – The Blind Spot