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Estudo: Novos reforços da vacina covid não são melhores que os anteriores

As novas doses de reforço para as variantes Omicron da covid-19 poderão não ser mais eficientes do que as vacinas originais. Os resultados são comuns a dois estudos apresentados esta semana. A diretora do CDC testou positivo para a covid-19 um mês depois de receber o reforço Omicron.

Aqueles que receberam o novo reforço, adaptado a variantes Omicron, como a sua quarta dose de vacina covid-19 tinham uma resposta imunitária a várias variantes covid similar àqueles que receberam a quarta dose da vacina original, diz o estudo da Universidade de Columbia e da Universidade do Michigan, nos Estados Unidos, publicado no dia 24 de outubro.

Um estudo da Universidade de Harvard, publicado no dia seguinte, chegou à mesma conclusão: a vacina original e a vacina de reforço atualizada têm desempenhos muito semelhantes. Ambas aumentaram “significativamente” a resposta de anticorpos, mas não a resposta de células T – outra parte do sistema imunológico que não previne a infecção, mas pode reduzir a sua gravidade.

Os resultados dos estudos, que ainda não foram revistos por pares (peer-review), não demonstram que tomar uma vacina bivalente (contra a versão original do vírus e as suas variantes) não traga benefícios. A validação terá que ser feita em estudos mais alargados. No entanto, e de acordo com a Bloomberg, os resultados preliminares colocam a questão se é necessário mudar para uma nova versão da vacina.

Ambos os estudos colocam a hipótese da “imunidade impressa” ser a razão para a que o novo reforço não consiga superar a vacina original. É um fenómeno em que a exposição inicial a um vírus, seja através de infeção ou da vacinação, limita a resposta imunitária futura de uma pessoa contra novas variantes.

O estudo sobre “imunidade impressa”, feito na Austrália em 2021 e publicado no jornal Trends in Immunology, indicava que “a atualização repetida de vacinas covid pode não ser completamente eficiente”.

Os resultados também contrastam com um comunicado de imprensa da Pfizer e BioNTech, de 13 de outubro, que indicava que “dados positivos preliminares” de um ensaio clínico sugerem que a vacina bivalente “é antecipada para fornecer uma melhor proteção”. A conclusão foi baseada em dados recolhidos de pessoas nos primeiros sete dias de imunização, mas a empresa não forneceu detalhes.

Nos Estados Unidos, de entre uma população de 333 milhões de pessoas, apenas foram dadas as novas vacinas de reforço Omicron a cerca de 20 milhões. Todos com idade igual ou superior a 12 anos são elegíveis para o reforço, se tiverem a vacinação primária.

Antes de os EUA começarem a campanha de vacinação com o novo reforço, em setembro, John Moore, um professor de microbiologia e imunologia do Weill Cornell Medical College disse que as novas vacinas devem ser “um pouco ou nada melhores” do que as fórmulas anteriores.

Diretora do CDC testa positivo um mês depois do reforço

Rochelle Walensky, diretora do Centro de Controlo de Doenças (CDC) norte-americano, testou positivo para a covid-19 no dia 22 de outubro. Teve sintomas ligeiros. Walenski recebeu o reforço bivalente, específico para a variante Omicron, em setembro.

A diretora do CDC disse, em setembro, que os reforços irão proporcionar uma proteção mais alargada relativamente às sub-variantes.

“Os reforços atualizados da vacina covid-19 são formulados para dar uma melhor proteção contra as mais recentes variantes da covid-19 em circulação”, disse Walenski, citada pela Fox News. A diretora declarou igualmente que “podem ajudar a recuperar a proteção que se foi perdendo desde a primeira vacinação”.

Walensky e outros responsáveis de saúde tinham avisado os americanos que iria aparecer uma vaga de infeções covid-19 no próximo inverno.

Reforço Omicron testado apenas em ratos

Os mais recentes reforços, comercializados pela Pfizer e pela Moderna, foram desenvolvidos para oferecer proteção contra o vírus original, tal como as vacinas originais. Adicionalmente, os novos reforços pretendem dar proteção adicional contra as variantes BA.4 e BA.5, que foram globalmente predominantes durante este verão.

Os novos reforços estão a ser usados nos Estados Unidos e na Europa através de uma autorização de uso de emergência, como também as vacinas originais. A aprovação foi feita apenas com dados relativos a testes em ratos, conforme noticiou o The Blind Spot em setembro. De acordo com os resultados preliminares fornecidos pela Pfizer em junho, os oito ratos que receberam o novo reforço mostraram uma melhor resposta imunitária às variantes Omicron do que os oito ratos que receberam a vacina original, de acordo com a Yale Medicine.

Dados em humanos relativos a estudos sobre os reforços BA.4 e BA.5 ainda não foram publicados.

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