A investigação do The Blind Spot inquiriu vários hospitais com serviços pediátricos. A grande maioria dos hospitais ainda não respondeu ou remeteu a resposta para o ministério da Saúde e para a DGS. A exceção foi o Hospital de Coimbra (CHUC) que nos detalhou as reações adversas às vacinas covid-19 mRNA que foram registadas entre os 12 e os 18 anos.
Como resposta às nossas questões acerca de reações adversas à vacinação mRNA em idade pediátrica, o CHUC confirmou o registo de quatro miocardites e de duas miopericardites.
Todos os seis casos pertenceram ao escalão etário dos 12 aos 18 anos. Não foi registada nenhuma vítima mortal e os casos foram encaminhados para o Infarmed.
Resultados de acordo com a evidência disponível
Estes resultados confirmam vários estudos que indicam que a vacinação mRNA provoca mais miocardites (e pericardites) a partir dos 12 anos, do que entre os cinco e os 11 anos. A explicação mais óbvia é a diferente composição da vacina destinada aos mais jovens.
Um dos estudos mais robustos sobre o tema, que incluiu 23,1 milhões de residentes em quatro países nórdicos, registou aumentos do risco de miocardite após a primeira e segunda doses de vacinas mRNA.
No caso dos homens entre os 16 e os 24 anos, esse aumento de risco, detetado até 28 dias, foi compatível com entre 4 e 7 eventos a mais, por 100.000 vacinas após a segunda dose da Pfizer.
No caso da Moderna, esse aumento foi entre os nove e os 28 casos por 100.000 vacinas.
Entre os jovens dos 12 aos 15 anos, podemos verificar que, após a segunda dose, a deteção de miopericardite aumentou cerca de 14 vezes.
Ver também:
Os avisos à DGS sobre as miocardites
Hospital Pediátrico de Coimbra descreve como “raridade” miocardites relacionadas com a Covid-19